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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Vilarigues 637 , incidindo sobre os procedimentos a adoptar no sentido <strong>de</strong> ligar o partido<br />

ao movimento social e que <strong>de</strong>corria precisamente da constatação <strong>de</strong> que se estaria a<br />

verificar um retrocesso no empenho dos militantes em criar Comissões <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> e em<br />

trabalhar nos Sindicatos Nacionais, nas Casas do Povo ou nas Praças <strong>de</strong> Jorna.<br />

O problema do sectarismo colocava-se justamente na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concretizar<br />

estas orientações, nó que o texto <strong>de</strong> uma intervenção <strong>de</strong> Fernando Blanqui Teixeira<br />

(Carlos), também membro do Comité Central pretendia ajudar a <strong>de</strong>satar. Tratando-se <strong>de</strong><br />

uma intervenção preparada, glosa muitos dos aspectos que Pires Jorge já abordara no<br />

seu informe, mas, ainda assim <strong>de</strong>sancando <strong>de</strong> modo <strong>de</strong>sabrido no comportamento<br />

arrogante e sobranceiro dos militantes em relação aos trabalhadores menos conscientes<br />

e também, embora em contornos bastante mais mo<strong>de</strong>rados e implícitos, dos controleiros<br />

em relação aos militantes:<br />

“(…) os controleiros (em particular os funcionários do partido e os<br />

camaradas da própria Direcção) têm <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar os camaradas <strong>de</strong> base falar<br />

sobre os problemas da empresa em que trabalham (…). Não basta, <strong>de</strong><br />

acordo com a <strong>de</strong>cisão da Direcção do Partido, colocar o ponto das Lutas<br />

no início das reuniões”. 638<br />

Acrescia a isto uma espécie <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong> ar, ainda difusa, que circulava pelo<br />

movimento comunista internacional <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte <strong>de</strong> Staline. A recomposição do<br />

equilíbrio <strong>de</strong> forças na cúpula do partido soviético parecia estar a passar por um<br />

processo <strong>de</strong> tensão e confronto surdo entre correntes continuistas e reformadoras, que o<br />

choque entre Malenkov, o novo chefe do governo e do partido, por um lado, e Molotov,<br />

por outro, expressava, ainda que num quadro <strong>de</strong> procura <strong>de</strong> equilíbrios e reequilíbrios,<br />

por vezes difíceis.<br />

Havia, porém, sinais <strong>de</strong> uma relativa <strong>de</strong>scompressão nalgumas das medidas<br />

tomadas, como a amnistia <strong>de</strong>cretada e a contenção da acção repressiva da NKVD, a<br />

polícia política. Também a saída <strong>de</strong> Malenkov do secretariado do partido, instituindo-se<br />

uma direcção colegial apontava nesse sentido. Estes sinais eram, por outro lado,<br />

acompanhados por uma distensão internacional, on<strong>de</strong> se prefigurava a coexistência<br />

pacífica.<br />

637<br />

Cf. Amílcar [Sérgio Vilarigues], VI.ª Reunião Ampliada do Comité Central. A organização das lutas <strong>de</strong> massas, in O<br />

Militante, III série, 84, Dezembro <strong>de</strong> 1955<br />

638<br />

Carlos [Fernando Blanqui Teixeira], VI.ª Reunião Ampliada do Comité Central. O sectarismo e a ligação com as massas, in<br />

O Militante, i<strong>de</strong>m<br />

250

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