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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Lourenço e Luís Gue<strong>de</strong>s da Silva, militantes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 30, tornam-se funcionários<br />

na altura em que ascen<strong>de</strong>m ao CC no III Congresso.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, mas em certa medida do mesmo modo, Soeiro Pereira Gomes, é<br />

guindado ao CC dois escassos anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter passado à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> no rescaldo<br />

das greves <strong>de</strong> 8 e 9 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1944 na zona <strong>de</strong> Alhandra/Vila Franca. Estas greves<br />

dariam aliás ao Comité Central mais dois membros, forçados à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> pela<br />

pressão policial – José Lopes Baptista e Gui Lourenço.<br />

Era frequente que as gran<strong>de</strong>s vagas repressivas, mais do que as reorientações <strong>de</strong><br />

natureza política, acelerassem os processos <strong>de</strong> funcionalização e <strong>de</strong> promoção ao CC<br />

numa lógica <strong>de</strong> imperiosa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recomposição.<br />

Porém, o V Congresso e a implementação do chamado “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita”,<br />

originara algumas escolhas que se revelariam <strong>de</strong>sastrosas e que constituiriam um<br />

po<strong>de</strong>rosos argumento utilizado por Álvaro Cunhal e os seus apoiantes para procurar<br />

<strong>de</strong>monstrar a ligação entre esse <strong>de</strong>svio político e uma péssima política <strong>de</strong> quadros.<br />

Na realida<strong>de</strong>, no V Congresso são indicados para o CC militantes, como José<br />

Marinho, José Miguel ou Amador Dias <strong>de</strong> Deus que, quando presos, provocam com as<br />

suas <strong>de</strong>clarações prejuízos enormes à organização partidária.<br />

Todavia, no arranque do processo <strong>de</strong> “correcção do <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita”, é também<br />

cooptado Augusto Lindolfo, um jovem estudante da Póvoa do Varzim que havia a<strong>de</strong>rido<br />

muito novo ao <strong>PCP</strong>, apenas com 15 anos, militando ao tempo activamente no MUD<br />

Juvenil. Tornar-se-á funcionário em 1958, evitando ser preso quando a PIDE lhe assalta<br />

a casa. Promovido ao CC logo em 1960, sofre uma prisão entre 1962 e 1967, para voltar<br />

à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> em 1969 e ser <strong>de</strong> novo preso em 1971, estando então na origem do<br />

último gran<strong>de</strong> abalo orgânico suscitado pela repressão antes do 25 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 74..<br />

Como Lindolfo, muitos quadros fizeram um longo percurso como militantes<br />

“legais”, antes <strong>de</strong> se tornarem funcionários, mesmo que <strong>de</strong>pois a sua progressão no<br />

aparelho do <strong>PCP</strong> se acelerasse. Joaquim Gomes, só passa à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> em 1952,<br />

após 12 anos como “apoio” da Direcção Central.<br />

António Gervásio ou Rogério <strong>de</strong> Carvalho passaram igualmente longos anos<br />

como funcionários, antes <strong>de</strong> subirem ao CC. Com Gervásio, que entrou para o PC em<br />

1945 e passou à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> em 1952, isso apenas suce<strong>de</strong>u em 1963, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

muitos anos a militar entre os assalariados agrícolas do sul, tendo-se evadido <strong>de</strong> forte <strong>de</strong><br />

Peniche no carro blindado <strong>de</strong> Salazar para logo se lançar na organização da luta pelas 8<br />

horas no Alentejo em Maio <strong>de</strong> 1962. Rogério <strong>de</strong> Carvalho, por seu turno, no partido<br />

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