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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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epressiva do regime. Se em Coimbra, as activida<strong>de</strong>s das <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> comissões, grupos<br />

e organismos autónomos é suspensa, em <strong>Lisboa</strong>, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> radicalização puxa o<br />

processo mais para a frente. A proposta <strong>de</strong> Eurico <strong>de</strong> greve <strong>de</strong> fome é entusiasticamente<br />

aprovada num plenário. Mais <strong>de</strong> três <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> estudantes a<strong>de</strong>rem num primeiro<br />

momento e esse número quase triplicará, tomando a Cantina da Cida<strong>de</strong> Universitária<br />

como cenário. Ao mesmo tempo reitera-se e amplia-se o luto académico. A paralisação<br />

estudantil é geral.<br />

A greve <strong>de</strong> fome resiste a uma primeira intimidação do senado universitário e só<br />

terminará com o assalto policial à cantina na madrugada <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Maio, on<strong>de</strong> são presas<br />

muitas centenas <strong>de</strong> estudantes, entre os quais quase cem raparigas.<br />

A repressão massiva não <strong>de</strong>terminará ainda o fim do movimento. O luto<br />

académico prossegue com altos níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são. Em Coimbra, os estudantes tentam<br />

ocupar as instalações da Associação Académica encerradas compulsivamente,<br />

enfrentando mais uma carga policial que ao proce<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>salojamento faz quase<br />

duzentas prisões.<br />

Estas prisões, até pelo número <strong>de</strong> estudantes envolvidos, são normalmente <strong>de</strong><br />

curta duração, mas a manobra governamental parece começar a orientar-se para a prisão<br />

selectiva dos dirigentes estudantis. Eurico <strong>de</strong> Figueiredo será preso e começa a instalar-<br />

se entre os dirigentes a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que será melhor suspen<strong>de</strong>r o luto académico, o que será<br />

aprovado, ainda que acompanhado <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> com<br />

os estudantes presos.<br />

Em Maio, a direcção do <strong>PCP</strong> parece ter percebido que a luta estudantil se <strong>de</strong>bate<br />

com problemas <strong>de</strong> ampliação arquitectados a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e volta a insistir através do<br />

Avante! na necessida<strong>de</strong> do movimento operário e popular estabelecer formas <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> activa, concluindo que “Neste momento a melhor ajuda aos estudantes<br />

está no <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> novas lutas reivindicativas e greves pela classe<br />

operária” 1169 .<br />

Tal como antes, porventura mais até naquele momento passando pela ressaca das<br />

jornadas em torno do 1º <strong>de</strong> Maio, as organizações operárias do <strong>PCP</strong>, como o movimento<br />

social em geral, não estão <strong>de</strong> modo nenhum em condições <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a esta asserção,<br />

cuja valia radicava fundamentalmente numa proclamação <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> feita a partir<br />

<strong>de</strong> cima e do exterior do movimento e que valia o que valia.<br />

1169 A heróica greve dos estudantes, Avante!, VI série, 317, 2ª quinzena <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1962<br />

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