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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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encontro <strong>de</strong> Praga se torna conhecido. Mais tranquilos pelo facto <strong>de</strong> Delgado ter<br />

recusado a troika com Cunhal e Ruy Luís Gomes, não lhes agradava propriamente ter o<br />

general aceite o encontro, à revelia <strong>de</strong>les, que estavam em Argel, bem como o<br />

secretismo que ro<strong>de</strong>ou o acontecimento, que consi<strong>de</strong>ravam anti<strong>de</strong>mocrático.<br />

É neste contexto que, <strong>de</strong> Praga, o general regressa ao Brasil e aí se manterá até<br />

ao final do ano. No Verão <strong>de</strong>sse ano conce<strong>de</strong> uma entrevista ao Portugal Democrático,<br />

a que o Avante! recorrerá para salientar os aspectos que, do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>PCP</strong>, eram<br />

essenciais:<br />

“Respon<strong>de</strong>ndo a uma pergunta, sobre se não temia a exploração que<br />

os seus colegas das forças armadas podiam fazer acerca da sua recente<br />

visita a um país socialista, o senhor general Delgado: «criticou os que por<br />

medo do comunismo nada fazem para <strong>de</strong>rrubar o regime, (…) Se há quem<br />

tenha medo que a cooperação com os comunistas possa trazer à Pátria<br />

maiores males que a manutenção <strong>de</strong> a bestialida<strong>de</strong> salazarista, com todo o<br />

seu cortejo <strong>de</strong> torturas da Pi<strong>de</strong> e da estupidificação em massa dum povo,<br />

que fique com a sua opinião bem cómoda».<br />

O jornal «Avante!», cuja luta em prol da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as forças<br />

<strong>de</strong>mocráticas, tem sido e continua a ser, uma das suas principais<br />

preocupações, saúda as <strong>de</strong>sassombradas <strong>de</strong>clarações do senhor general<br />

Humberto Delgado e apela mais uma vez para todos os <strong>de</strong>mocratas e<br />

patriotas, no sentido <strong>de</strong> se unirem e organizarem numa larga frente <strong>de</strong><br />

combate…” 1299<br />

Em substância, o que o órgão central do <strong>PCP</strong> valorizava era a disponibilida<strong>de</strong><br />

manifesta <strong>de</strong> colaboração do general numa unida<strong>de</strong>, cuja expressão orgânica nem sequer<br />

era explicitamente nomeada, atitu<strong>de</strong> tanto mais surpreen<strong>de</strong>nte quanto se vinham<br />

<strong>de</strong>batendo por aqueles meses 1300 as condições e modalida<strong>de</strong>s que enformariam a FPLN<br />

como esse organização.<br />

Entretanto, a Argel iam chegando muitos oposicionistas fugidos <strong>de</strong> Portugal, na<br />

eminência <strong>de</strong> serem presos ou <strong>de</strong>sertando do exército colonial. Alguns <strong>de</strong>les vão criar<br />

em meados <strong>de</strong> 1963 a JAPPA, Junta <strong>de</strong> Acção Patriótica dos Portugueses da Argélia 1301 ,<br />

on<strong>de</strong> se juntará um heteróclito grupo, animado pelas mais diversas razões e com base<br />

1299<br />

O General H. Delgado <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a Unida<strong>de</strong>, in Avante!, VI série, 335, Novembro <strong>de</strong> 1963<br />

1300<br />

Cf. Carta <strong>de</strong> Manuel Sertório a Humberto Delgado, S. Paulo, 12 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1963, in Manuel Sertório, Humberto Delgado.<br />

70 cartas…, pp 195-196<br />

1301<br />

Cf. Patrícia Mcgowan Pinheiro, Misérias do exílio, Alpiarça, Contra-Regra, 1998, pp 46-48<br />

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