19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

É a <strong>Lisboa</strong> industrial e ribeirinha que <strong>de</strong>scola para a greve, que galgará o rio,<br />

conquistando para o movimento os estaleiros da Parry & Son, em Cacilhas e as fábricas<br />

da CUF do Barreiro. E por esses primeiros dias <strong>de</strong> Novembro, as a<strong>de</strong>sões continuam na<br />

velha Alcântara industrial, com a Fábrica Sol, a Socieda<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Sabões ou a<br />

Fábrica <strong>de</strong> Lâmpadas Lumiar, chegando à Tabaqueira e à Fábrica <strong>de</strong> Louças <strong>de</strong><br />

Sacavém, já na fronteira com a corda <strong>de</strong> Vila Franca. Segundo o próprio Instituto<br />

Nacional <strong>de</strong> Trabalho e Previdência teriam estado em greve 14 mil trabalhadores 259<br />

Mas se nestas greves participam, naturalmente, muitos militantes comunistas,<br />

como Alfredo Dinis que é o responsável pela célula da Parry & Son e membro do<br />

Comité Local <strong>de</strong> Almada, isso não significa que o <strong>PCP</strong> as tivesse dirigido.<br />

José Gregório (Alberto) no informe que apresenta ao III Congresso sobre as<br />

greves <strong>de</strong> 1942 e 1943, reportando-se às primeiras, reconhece que a “(...) a direcção do<br />

nosso Partido, apesar <strong>de</strong> anteriormente ter conduzido os trabalhadores na sua luta<br />

diária até ao ponto <strong>de</strong> eclosão do movimento, não se <strong>de</strong>u conta a tempo do<br />

amadurecimento das condições que facilitaram o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da greve e não<br />

<strong>de</strong>sempenhou nela o seu verda<strong>de</strong>iro papel dirigente” 260<br />

Esta situação que o dirigente comunista atribui à perda <strong>de</strong> contactos do<br />

Secretariado com a organização regional, a base do partido e com o aparelho técnico<br />

ocorrem justamente num momento <strong>de</strong> reor<strong>de</strong>namento interno do próprio Secretariado,<br />

<strong>de</strong>sfalcado com as prisões dos meses e semanas anteriores.<br />

No entanto, a espontaneida<strong>de</strong>, a combativida<strong>de</strong>, a rapi<strong>de</strong>z com que o movimento<br />

cresce no início <strong>de</strong> Novembro e os sectores industriais que toca teriam espalhado uma<br />

onda <strong>de</strong> entusiasmo no interior do partido. Em fins <strong>de</strong> 42, pouco antes <strong>de</strong> ser preso,<br />

Militão Ribeiro, Secretário do Bureau Político, num manifesto que redige, coloca a<br />

palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> “greve geral” 261<br />

Perante a incapacida<strong>de</strong> do governo conter a tendência <strong>de</strong> agravamento das<br />

condições <strong>de</strong> vida populares, o <strong>PCP</strong> passa então a avaliar a situação objectiva como<br />

potencialmente favorável ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> novo surto grevista. Discute-se como<br />

organizar novas greves, com que amplitu<strong>de</strong> e carácter. O secretariado recomposto, com<br />

Cunhal, José Gregório e Manuel Gue<strong>de</strong>s, conclui que as condições estão mais maduras<br />

na região <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, segundo as informações recebidas do Comité Regional.<br />

259<br />

Cf I<strong>de</strong>m, pp 376-379<br />

260<br />

I Congresso Ilegal do Partido Comunista Português, Alberto [José Gregório], O Partido e as gran<strong>de</strong>s greves <strong>de</strong> 1942 e 1943,<br />

Editorial “Avante!”, 1944, p. 11<br />

261<br />

IAN/TT, PIDE-DGS, PC 507/42, 2º vol., Cópia <strong>de</strong> carta <strong>de</strong> Alberto [José Gregório a Militão Ribeiro, preso], em 30.9.43, dact.,<br />

[25]<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!