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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Sines 4 Silves 6<br />

Baleizão 2 Portimão 32<br />

Pias 78 Lagos 24<br />

Serpa 3 C. Monchique 4<br />

Vale Vargo 32 Vários 48<br />

A.N. S. Bento 5<br />

A-do-Pinto 5<br />

Couço 9<br />

Fonte: IANTT, PIDE-DGS, Processo 290/GT, Prisões, portes e falados no Sul através dos vários anos, [127-195]<br />

Foi claramente o que se passou no Couço, alvo <strong>de</strong> sucessivas investidas entre<br />

1958 e 1962, que <strong>de</strong>u origem a 30 processos instruídos pela PIDE, a maioria dos quais<br />

colectivos, envolvendo por vezes mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> indivíduos 1751 .<br />

3. A prisão: espectro e realida<strong>de</strong><br />

O espectro da prisão pairava no quotidiano dos militantes e dos quadros. Mesmo<br />

antes da integração formal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a condição <strong>de</strong> simpatizantes, os potenciais militantes<br />

são educados no sentido do bom porte na ca<strong>de</strong>ia. Este aspecto constitui aliás um dos<br />

veios centrais da educação dos militantes comunistas, que prece<strong>de</strong> muitos outros<br />

aspectos <strong>de</strong> natureza política ou i<strong>de</strong>ológica.<br />

O folheto Se fores preso camarada, <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, editado pela primeira vez<br />

em 1947 e que, no período consi<strong>de</strong>rado, foi objecto <strong>de</strong> reedições em 1949, 50 e 63 1752 ,<br />

<strong>de</strong>terminava, como orientação central e clara <strong>de</strong> não prestar quaisquer <strong>de</strong>clarações à<br />

polícia, não revelando os segredos do partido. O documento abria, directo e grave – “Se<br />

fores preso, camarada, cairá sobre ti uma gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Terás <strong>de</strong> continuar<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o teu partido, os teus camaradas, o teu i<strong>de</strong>al, mas em situações muito<br />

diferentes, pois que te encontrarás isolado nas mãos do inimigo, sujeito aos teus<br />

insultos e às suas violências. Se fores preso, camarada, encontrar-te-ás em<br />

circunstâncias tão duras como nunca talvez tenhas atravessado” 1753 .<br />

Tratava-se <strong>de</strong> um manual <strong>de</strong> boas práticas em caso <strong>de</strong> prisão. Com manifesto<br />

carácter didáctico, reportava-se a cada momento concreto, fornecendo conselhos e<br />

orientações práticas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ao momento da prisão aos interrogatórios, às torturas, às<br />

1751 Cf Paula Godinho, Memória da Resistência…., pp 343-344<br />

1752 Cf. Se fores preso, camarada [4ª edição, <strong>de</strong> 1963], in Álvaro Cunhal, Obras Escolhidas, II. 1947-1974, <strong>Lisboa</strong>, Edições<br />

Avante!, 2008, pp 591-605<br />

1753 I<strong>de</strong>m, p. 591<br />

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