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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Fogaça que são apontadas responsabilida<strong>de</strong>s por ter arrastado a Direcção para essas<br />

posições, a Comissão Política, pelo menos, não po<strong>de</strong> ser eximida do facto.<br />

Jaime Serra (F[rei]t[as]) e Manuel da Silva Júnior (I[vo]) criticam a precipitação<br />

com que foram dissolvidos movimentos <strong>de</strong>mocráticos, que aquele consi<strong>de</strong>ra que “Ao<br />

ficar anulado o MND ficou sem direcção a luta <strong>de</strong>mocrática e entregámos a direcção à<br />

burguesia liberal mas inconsequente – Lenin dizia que isto era negativo” 710 .<br />

São dados abundantes exemplos <strong>de</strong> orientações contemporizadoras com os que<br />

são <strong>de</strong>signados <strong>de</strong> “<strong>de</strong>mocratas <strong>de</strong> direita”, o que levou inclusivamente a que a unida<strong>de</strong><br />

mais facilitada com os sectores oposicionistas <strong>de</strong> esquerda fosse dificultada, porque<br />

também eles não concordavam com tanta preocupação em criar condições para uma<br />

unida<strong>de</strong> tão ampla, tão ampla que revelando-se inviável era bloqueadora da acção.<br />

Todavia, há nalgumas intervenções como que uma preocupação centrista, que se<br />

revelará dominante, segundo a qual o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita i<strong>de</strong>ntificado <strong>de</strong>via ser combatido,<br />

mas também qualquer <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> esquerda que se quisesse instalar no seu lugar, pois o<br />

sectarismo continuava vivo <strong>de</strong>ntro do partido, aspecto com que Guilherme Carvalho<br />

também concorda.<br />

Num aparente consenso quanto às <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s do documento, para uns, e aos<br />

erros e <strong>de</strong>svios, para outros, as opiniões voltam a dividir-se quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

retirar o documento <strong>de</strong> circulação, argumenta-se que os erros e <strong>de</strong>ficiências po<strong>de</strong>riam ir<br />

sendo corrigidos em novos materiais a editar, porém conclui-se da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />

retirar mesmo.<br />

Não chega a haver tempo para iniciar o <strong>de</strong>bate sobre o novo Projecto <strong>de</strong><br />

Programa. A agenda fica por cumprir, obrigando a nova reunião. Mas, como o CC<br />

nunca reúne com todos os elementos presentes, havendo uma rotativida<strong>de</strong> na<br />

participação dos seus membros, por questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa partidária, coloca-se o problema<br />

da continuação do <strong>de</strong>bate não ser com os mesmos elementos.<br />

Para alguns isso é um factor <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização do trabalho político do CC, a que<br />

chamam discutir “à fatia”; mas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar rapidamente nova reunião faz<br />

acrescer o argumento <strong>de</strong> que não era pru<strong>de</strong>nte manter os mesmos participantes, pois se<br />

por um lado tinha vantagens, por outro era arriscado.<br />

710 Manuscritos apreendidos na casa ilegal on<strong>de</strong> vivia o membro do “Secretariado” e da “Comissão Política” do “Partido<br />

Comunista Português” que usa o pseudónimo <strong>de</strong> “Abel”, Documento nº 15-D. Política. 1958, [16], in IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS,<br />

Processo 9, Pasta 16, Documento 15<br />

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