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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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eleitoral, proce<strong>de</strong>ndo à escolha dos candidatos em assembleias distritais e organizando<br />

os serviços eleitorais. Propõe ainda a criação futura <strong>de</strong> uma Comissão Cívica Eleitoral<br />

Nacional, com um candidato <strong>de</strong> cada círculo on<strong>de</strong> se apresentem listas da oposição.<br />

A assembleia <strong>de</strong>correu no meio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> pressão dos intervencionistas sobre os<br />

que vacilavam ou discordavam. António Ferreira da Costa, <strong>de</strong> Coimbra, por exemplo,<br />

foi interrompido quando afirmava que “concorrer às urnas nas condições consentidas<br />

pelo Governo (…) é trair os mais sagrados interesses da Oposição e do Povo” 723 ,<br />

sendo necessário apelar à calma, à serenida<strong>de</strong> e à tolerância <strong>de</strong>mocrática.<br />

Mas essa pressão traduziu-se particularmente através <strong>de</strong> algumas intervenções,<br />

particularmente inflamadas e aplaudidas, como as <strong>de</strong> Lino Lima, <strong>de</strong> Braga; <strong>de</strong><br />

Humberto Lopes, <strong>de</strong> Santarém; <strong>de</strong> Francisco Patrício, <strong>de</strong> Beja; <strong>de</strong> Manuel Campos<br />

Lima, <strong>de</strong> Faro; <strong>de</strong> José António Caetano <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> ou <strong>de</strong> Silas Cerqueira, do Porto.<br />

A participação popular na reunião esteve a cargo <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalhadores<br />

agrícolas vindos <strong>de</strong> Beja e da Margem Esquerda (Vale <strong>de</strong> Vargo e Pias), <strong>de</strong> Montemor-<br />

o-Novo ou <strong>de</strong> Benavila, saudados com particular efusão. Foram lidas inúmeras<br />

mensagens, incluindo <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> presos políticos das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Peniche e do Aljube,<br />

assim como dados a conhecer abaixo-assinados <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong> diferentes regiões e<br />

empresas. Assim, invariavelmente, corticeiros do Seixal, trabalhadores <strong>de</strong> Baleizão,<br />

<strong>de</strong>mocratas do Couço, têxteis do Barreiro testemunhavam, como os operários da Fábrica<br />

Portugal, “o seu apoio na ida às próximas eleições” 724 .<br />

Setúbal.<br />

Havia inclusivamente distritos em que as listas estavam constituídas, como em<br />

Neste ambiente, não admira que alguns dos que se viriam a firmar <strong>de</strong>pois como<br />

abstencionistas não tivessem <strong>de</strong>ixado aqui uma posição mais matizada que<br />

fundamentalmente procurava evitar que a reunião tomasse uma <strong>de</strong>cisão acabada e<br />

fechada quanto à participação eleitoral, remetendo a <strong>de</strong>cisão para mais tar<strong>de</strong> ou<br />

admitindo participar na campanha e <strong>de</strong>sistir à boca das urnas, como sustentaram Pedro<br />

Veiga e Artur Santos Silva, ambos do Porto.<br />

Aliás, como foi informado na reunião, Azevedo Gomes, Moreira <strong>de</strong> Campos,<br />

Mayer Garção, Acácio Gouveia ou Nuno Rodrigues dos Santos, entre outros, haviam<br />

constituído uma Comissão <strong>de</strong> Candidaturas do Distrito <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, que se inseria nessa<br />

manobra dilatória e <strong>de</strong> marcação do terreno, que levaria Domingos Carvalho, a propor<br />

723 Relato da Assembleia…, p. 12<br />

724 I<strong>de</strong>m, p. 23<br />

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