19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A essas obras juntam-se ensaios e comunicações a colóquios 47 , a obras<br />

colectivas 48 ou a publicação em revistas, inclusivamente <strong>de</strong> divulgação como a História.<br />

Mas, sem obras <strong>de</strong> síntese, sem uma história do <strong>PCP</strong>, nos últimos quinze anos, a<br />

publicação dos três primeiros volumes da biografia política <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, <strong>de</strong> José<br />

Pacheco Pereira 49 constituiu o que <strong>de</strong> mais se aproximou <strong>de</strong>ssa perspectiva.<br />

Oscilando entre o enunciado carácter biográfico e uma história do <strong>PCP</strong>, a<br />

procura <strong>de</strong> equilíbrio tendo-se revelado instável até ao momento, vem no entanto<br />

beneficiando este último aspecto, ao reequacionar e reescrever sobre uma intrincada<br />

trama <strong>de</strong> protagonistas, equilíbrios internos, tensões e contradições fortes, precisando<br />

factos, <strong>de</strong>smontando versões dadas como adquiridas, ensaiando a <strong>de</strong>limitação on<strong>de</strong><br />

questões políticas e questiúnculas pessoais se misturam, on<strong>de</strong> pressões externas e<br />

dinâmicas internas conflituam.<br />

Esse pendor menos biográfico vem-se a<strong>de</strong>nsando à medida que o seu percurso<br />

como dirigente clan<strong>de</strong>stino do <strong>PCP</strong> se acentua, até pela própria carência <strong>de</strong> elementos<br />

documentais, para mais <strong>de</strong>ssa estrita natureza.<br />

Há, no entanto, apesar do alinhamento assumido <strong>de</strong> Pacheco Pereira em relação<br />

à corrente do Livro Negro sobre o Comunismo, bem expressa aliás no prefácio à edição<br />

portuguesa 50 , um distanciamento face a uma construção marcadamente apriorística, sem<br />

que daí resulte inocuida<strong>de</strong> ou esterilização <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista, ressaltando<br />

inclusivamente uma certa empatia com o esforço humano da geração <strong>de</strong> militantes,<br />

quadros e dirigentes e em particular do próprio biografado.<br />

A gran<strong>de</strong> questão que actualmente se coloca aos estudos sobre o comunismo<br />

assenta fundamentalmente na possibilida<strong>de</strong> e na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificar planos <strong>de</strong><br />

abordagem, contextualizando e articulando as dimensões que o configuram e po<strong>de</strong>m<br />

explicar. Tem sido justamente na serieda<strong>de</strong>, no rigor da utensilagem metodológica, e no<br />

esforço <strong>de</strong> distanciamento que se tem colocado o eixo da questão, sem intimidar nem<br />

constranger a liberda<strong>de</strong> do historiador tomar para si o conjunto <strong>de</strong> preceitos, o mo<strong>de</strong>lo<br />

ou a escola histórica que, do seu ponto <strong>de</strong> vista, melhor correspon<strong>de</strong>m e se a<strong>de</strong>quam ao<br />

lugar que socialmente tomou como seu.<br />

47<br />

Cf. Colóquio Mundo Rural, Transformações e resistências no século XX, CEEP e IHC, <strong>Lisboa</strong>, 2000; Colóquio Estaline em<br />

Portugal, CH da FLL, <strong>Lisboa</strong>, 2003; Congresso Internacional O Artista como Intelectual. No Centenário <strong>de</strong> Fernando Lopes<br />

Graça, CEIS20, Coimbra, 2006 ou Colóquio Oposições ao Estado Novo. História e Memórias, CEIS20, Coimbra, 2008<br />

48<br />

Cf. Fernado Rosas e Pedro Aires <strong>de</strong> Oliveira, (Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> ), A transição falhada. O Marcelismo e o fim do Estado Novo<br />

(1968-1974), <strong>Lisboa</strong>, Editoria Notícias, 2004;<br />

49<br />

José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal. Uma biografia política, 1. 1913-1941. «Daniel», o jovem revolucionário; 2. 1941-1949.<br />

«Duarte», o dirigente clan<strong>de</strong>stino; 3. 1949-1960. O Prisioneiro; <strong>Lisboa</strong>, Temas e Debates, 1999, 2001 e 2005, respectivamente<br />

50<br />

Cf. José Pacheco Pereira, Chamar ao negro negro, ao branco branco, in Stéphane Courtois e tal., O Livro Negro…, pp 9-13<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!