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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Este sistema manter-se-ia permanentemente com velhos e novos armazéns a<br />

proporcionarem o acesso ao papel necessário à impressão, apoiando-se seja numa<br />

activida<strong>de</strong> aparentemente legal, seja na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> militantes ou na orla <strong>de</strong> influência do<br />

partido.<br />

O transporte em malas gran<strong>de</strong>s quer do papel quer do material já impresso<br />

chegou a ser utilizado, mas era uma fonte constante <strong>de</strong> preocupações, chegando a dar<br />

origem a episódios com toque <strong>de</strong> aventura, como aquele em que participou Dias<br />

Lourenço ao transportar precisamente duas gran<strong>de</strong>s malas num eléctrico entre a Praça<br />

do Chile e o Alto <strong>de</strong> S. João, em <strong>Lisboa</strong> 1622 , que Soeiro Pereira Gomes consagraria no<br />

conto Refúgio Perdido 1623 .<br />

Por motivos <strong>de</strong> segurança, tinham <strong>de</strong> se utilizar processos engenhosos que<br />

iludissem a vigilância policial <strong>de</strong> rua, “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a utilização do cesto <strong>de</strong> verga, às pastas,<br />

aos embrulhos <strong>de</strong>formados em que mostrava não ser papel, à utilização do burrico a<br />

puxar uma carroça com hortaliça, ao automóvel à porta das tipografias” 1624<br />

Os originais chegavam às tipografias pela mão do responsável por essa ligação.<br />

Após a reorganização e pelo menos até à prisão <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, a redacção dos<br />

artigos do Avante!, por exemplo estava a cargo do Secretariado do Comité Central,<br />

como refere Pires Jorge:<br />

“Faziam-se as reuniões do secretariado, às vezes com outros camaradas,<br />

discutia-se a situação política e o Álvaro ia fazendo a síntese. Daí saía o artigo <strong>de</strong><br />

fundo, que era lido, emendado e aprovado. Das informações sobre a situação e sobre<br />

as lutas saíam as notícias. (...) Às vezes, ao fim <strong>de</strong> três dias <strong>de</strong> reunião, já com toda a<br />

gente a cair <strong>de</strong> sono, o Álvaro continuava a trabalhar, a escrever as notícias para o<br />

Avante! que saía dali paginado e tudo, levado por um camarada que ia ao encontro dos<br />

camaradas das tipografias” 1625<br />

Depois evoluiu-se para a constituição <strong>de</strong> uma comissão <strong>de</strong> redacção controlada<br />

directamente por um membro do Secretariado ou da Comissão Executiva. Sérgio<br />

Vilarigues entre 1949 e 1954, Júlio Fogaça em 1955-56, Pires Jorge em 1957, Dias<br />

Lourenço <strong>de</strong>sempenhou essa função entre 1957 e 1962, Banqui Teixeira em 1962-63,<br />

Jaime Serra em 1963 e Joaquim Gomes até 1965 1626 .<br />

1622<br />

Cf. António Dias Lourenço, O homem das notícias clan<strong>de</strong>stinas…<br />

1623<br />

Cf Soeiro Pereira Gomes, Obra Completa, <strong>Lisboa</strong>, Caminho, 1992, pp 371-380<br />

1624<br />

Manuel da Silva, 30 anos <strong>de</strong> vida…, p. 42<br />

1625<br />

Joaquim Pires Jorge, Com uma imensa alegria, <strong>Lisboa</strong>, Edições Avante!, 1984, p. 50<br />

1626 Cf. Partido Comunista Português, 60 anos <strong>de</strong> luta…, p. 116<br />

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