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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Emparedado entre estas pressões no campo oposicionista e fortemente<br />

apreensivo quanto à vaga repressiva que flagelava as suas fileiras, o Comité Central<br />

apelava ao reforço da homogeneização política e i<strong>de</strong>ológica à <strong>de</strong>fesa do partido, ao<br />

mesmo tempo que sustentava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reforçar a ligação às massas e às suas<br />

lutas ou o fortalecimento do MUNAF e do MUD, “<strong>de</strong>smascarando os divisionistas e os<br />

agentes do fascismo” 417 .<br />

Permanecia a convicção ou a esperança <strong>de</strong> que “num prazo <strong>de</strong> tempo<br />

relativamente curto estarão criadas condições para largas movimentações <strong>de</strong><br />

massas” 418 .<br />

Álvaro Cunhal não participara na reunião. Havia iniciado dois meses antes uma<br />

longa viagem com o objectivo <strong>de</strong> reatar os laços com o movimento comunista<br />

internacional 419 . Era como que a última pedra no edifício da reorganização. Não <strong>de</strong>ixa,<br />

porém, <strong>de</strong> manter contacto com o interior. Numa das cartas que envia, sugere<br />

imperativas orientações para a activida<strong>de</strong> partidária, reflectindo os eixos políticos<br />

centrais <strong>de</strong>finidos pelo movimento comunista internacional:<br />

“No nosso país há que reforçar a luta contra o Plano Marshall e a<br />

política americana <strong>de</strong> Salazar. A luta contra o imperialismo americano é a<br />

direcção fundamental da activida<strong>de</strong> das forças <strong>de</strong>mocráticas mundiais.<br />

Naturalmente que o capitalismo procura <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua existência. Hoje<br />

falo <strong>de</strong> novo na base da luta anti-comunista. E isto traz ao nosso país<br />

perigos para a unida<strong>de</strong>. Há que <strong>de</strong>fendê-la com tenacida<strong>de</strong> e firmeza<br />

política. Se o pu<strong>de</strong>rmos fazer, se soubermos continuar <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo os<br />

interesses do povo e a in<strong>de</strong>pendência nacional, vendida por Salazar aos<br />

Estados Unidos, conduziremos o nosso povo à vitória” 420<br />

O assunto não podia, efectivamente, ser mais pertinente. Cunhal conhecia bem<br />

as tensões internas no MUD, a astenia do MUNAF, a preparação da campanha eleitoral<br />

<strong>de</strong> Norton <strong>de</strong> Matos e antes <strong>de</strong> partir tivera conhecimento do Despacho do Ministro do<br />

Interior, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1947, que ilegalizava o MUD, precisamente por “colaborar<br />

nele o chamado Partido Comunista, subordinado a um po<strong>de</strong>r político estrangeiro e<br />

associação secreta proibida...” 421 .<br />

417<br />

Cf. Comité Central do <strong>PCP</strong>, O Partido Comunista Português ante a situação política nacional, Fevereiro <strong>de</strong> 1948, cicl., 3 pp<br />

418<br />

Resoluções saídas <strong>de</strong> uma reunião <strong>de</strong> Direcção Central, in O Militante, III série, Abril <strong>de</strong> 1948<br />

419<br />

Cf. José Manuel Milhazes Pinto, O <strong>PCP</strong> e o PCUS no pós-<strong>guerra</strong>. Reatamento <strong>de</strong> uma longa amiza<strong>de</strong>, in História, (nova<br />

série), 8, Maio <strong>de</strong> 1995, pp 53<br />

420<br />

Abril <strong>de</strong> 1948 – Para o Secretariado, [cifrada], mns, in TCL, 3º JC, P. 14499, <strong>de</strong> 1949,10º vol., apenso a fls. 617<br />

421<br />

Cf Auto <strong>de</strong> Notificação, Cópia, a Luciano Serrão <strong>de</strong> Moura, dact, 1 p., in Arquivo <strong>de</strong> Manuel João da Palma Carlos<br />

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