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George. Entrei na enfermaria com medo do que eu poderia encontrar. Tudo<br />

estava em silêncio. Uma jovem enfermeira me seguiu enquanto eu<br />

caminhava na ponta dos pés até o quarto de Robert. Ele ainda estava lá no<br />

berço, vivo. Ele estava dormindo, deitado tranquilamente de costas, como um beatífico<br />

querubim de Bellini. Para minha surpresa, o rosto da<br />

enfermeira se iluminou com um sorrido enquanto ela apontava para a criança que eu via<br />

dormir.<br />

– Veja, ele está respirando normalmente agora. Ele está dormindo e logo sairá do coma. O<br />

pior já passou – ela disse.<br />

Apenas lágrimas, não palavras, poderiam descrever meus sentimentos,<br />

lágrimas de gratidão e alívio.<br />

– Você poderá levá-lo para casa quando ele acordar – continuou a<br />

enfermeira de uma forma como se fosse apenas uma crise qualquer em sua<br />

rotina movimentada, agora felizmente resolvida. Telefonei para Stephen para dar-lhe a boa<br />

notícia e às três e meia Robert começou a acordar.<br />

– Você pode levá-lo para casa agora – disseram eles.<br />

No espaço de dez minutos ele recebeu alta e saímos para a realidade vívida do nosso<br />

cotidiano. Uma vez de volta à casa, nós avisamos aos nossos vizinhos para virem e se<br />

juntarem a nós para uma festa. Todos eles<br />

vieram e nós assistimos em silêncio, como se todo mundo estivesse em transe, enquanto<br />

Robert e Inigo empurraram seus carros de brinquedo pelo chão, indiferentes e totalmente<br />

inconscientes do drama do dia.<br />

Naquele dia, Robert sobreviveu, mas um pouco de mim morreu. Algum,<br />

mas não todo, daquele otimismo juvenil extravagante que eu levava comigo<br />

e que me incendiava com tanto entusiasmo agora estava enterrado debaixo<br />

de um pesado fardo de ansiedade, aquela atenção surda que, uma vez que<br />

infecta a mente, nunca mais é banida. Eu tinha chegado tão perigosamente<br />

perto da pior catástrofe que uma mãe pode suportar – a perda de seu filho

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