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sozinho por um segundo sequer. Duas semanas antes de<br />

seu segundo aniversário, eu estava preparando o jantar na cozinha quando,<br />

de repente, a casa parecia estranhamente calma. Não havia barulho de brincadeiras infantis –<br />

carrinhos de brinquedo sendo arrastados pelo chão,<br />

o tambor de lata sendo tocado, vozes conversando e risadas. Meu sangue gelou nas veias no<br />

terrível silêncio. Corri para a porta da frente e a encontrei aberta. Timmie havia fugido.<br />

Robert, disparando à minha frente e à de Stephen, fugia com frequência<br />

quando era pequeno, mas sempre com algum propósito, e sempre se<br />

deixava ser facilmente encontrado. Lucy desaparecera só uma vez – um belo dia no meio do<br />

verão, quando ainda morávamos na Little St Mary’s Lane. Thelma Thatcher e eu saímos<br />

ansiosas atrás dela na rua e no pátio da<br />

igreja, sem sucesso, quando uns norte-americanos que passavam disseram<br />

que havia uma garotinha com um carrinho de boneca na Mill Bridge. Lá estava ela, de<br />

bermuda, uma mão apoiada na alça do carrinho e a outra segurando o guarda-chuva verde<br />

transparente. Ela estava cercada por um<br />

grupo de alunos admirados, claramente querendo saber o que fazer com esse fenômeno infantil<br />

tão senhor de si mesmo.<br />

Cerca de dez anos depois, no isolamento da West Road, onde não havia<br />

avós adotivos amigáveis para pedir ajuda e onde o gramado corria por acres sem um muro ou<br />

um portão, eu estava parada com a porta aberta em<br />

um frenesi de indecisão, sem saber que caminho tomar. Timmie teria corrido para a estrada e<br />

para o rio, ou em volta da casa, para o jardim? O<br />

pessoal da universidade, já fechando seus escritórios no fim do dia, ouviume<br />

freneticamente chamar seu nome e eles foram me ajudar. Pat, da manutenção, seriamente<br />

me advertiu a chamar a polícia. Ele ficou ali por algum tempo; com minha pulsação<br />

retumbando em meus ouvidos e as<br />

mãos trêmulas, liguei para a polícia. Fiquei chateada porque o policial que<br />

atendeu à ligação não reagiu de forma mais dramática. Ele não parecia notar a urgência da<br />

situação.<br />

– Espere um minuto senhora – disse ele jovialmente.

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