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seguiriam. Stephen não conseguiria respirar sem ajuda, e quando estivesse<br />

mais forte teria de passar por uma traqueostomia. Essa seria a única forma<br />

de livrá-lo do respirador, pois contornaria a área hipersensível de sua garganta que vinha lhe<br />

causando tantos problemas. Falou das tecnicidades<br />

da traqueostomia, um furo na traqueia abaixo das cordas vocais que precisaria de cuidados<br />

profissionais permanentes. Não dei muita atenção a<br />

esse prognóstico sombrio, embora realista. Eu tinha tomado a decisão que<br />

era necessária. A verdade importante era que Stephen estava vivo e que permaneceria vivo<br />

enquanto eu tivesse qualquer poder de influenciar os acontecimentos.<br />

Saí da sala para uma visão notável. Ali, parado no corredor, estava um<br />

membro do Gonville e Caius College, embora nenhum de nós dois o<br />

conhecesse muito bem. James Fitzsimons e sua esposa francesa, Aude, estavam de férias com<br />

a família de Aude, em Genebra, quando a notícia de<br />

que Stephen estava doente no hospital os alcançou, e eles estavam ali para<br />

oferecer ajuda. Eles não poderiam ter chegado em um momento mais<br />

propício. Eu estava profundamente abalada pelos acontecimentos da<br />

semana passada e ficara perturbada, embora insolente, com a entrevista.<br />

Percebi que as crises não haviam acabado, e, de fato, outra pior poderia ser iminente, pois não<br />

era de todo certo que Stephen sobreviveria à<br />

reanimação de seu sono induzido por drogas.<br />

James e Aude trouxeram nova energia e dinamismo, embora com<br />

sensibilidade, resolvidos a reforçar nossos recursos. Conforme Stephen ia lentamente<br />

voltando para nós, James se juntou a nossas longas vigílias, participando do rodízio, que<br />

fazíamos Bernard, Jonathan, os demais alunos<br />

e eu. Não estávamos ali para atuar como enfermeiros – havia muitos deles<br />

no hospital –, e sim para fortalecer a frágil esperança de Stephen na vida e despertar seu<br />

interesse e sua curiosidade de seu estado de inércia sem precedentes. James falava francês<br />

fluentemente e conseguiu me aliviar de algumas pressões para comunicar cada pedido<br />

indistinto de Stephen à equipe de enfermagem. Suas tentativas de fazer os pedidos eram

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