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por semana. Essas observações lembravam muito a atitude petulante dos Hawking que eu<br />

encontrara no passado. Como era uma enfermeira<br />

eficiente, eu tentava encarar seus pronunciamentos insensíveis com a indiferença que<br />

mereciam.<br />

Em face dessa pseudofilosofia santimonial, encontrei ainda maior<br />

consolo em minha ligação com a St Mark. Eu ouvia os sermões de Bill Loveless atentamente e<br />

também os de seu colega pregador, um cientista e<br />

ex-missionário, Cecil Gibbons, que com sua idade avançada cumpria seu dever de se manter a<br />

par dos desenvolvimentos científicos e interpretá-los<br />

em um contexto religioso. Ambos sempre tinham algo pertinente a dizer, e<br />

sob medida para mim, pessoalmente, quer sobre o sofrimento, sobre o lugar do homem na<br />

criação, quer sobre o bem e o mal, e sob sua orientação<br />

comecei a formular minha própria simples filosofia sobre alguns dos obstáculos para a fé, em<br />

especial entendendo que o livre-arbítrio é um prérequisito<br />

da condição humana. Se a crença em Deus fosse automaticamente<br />

decretada pelo Criador, a raça humana seria apenas um bando de<br />

autômatos sem nenhuma evolução de pensamento, nem motivação para a<br />

descoberta. O mal, raciocinei, muitas vezes se convertia, mesmo que distante e vagamente, em<br />

ganância e egoísmo humanos – instintos de animais predadores ditados pela natureza para a<br />

sobrevivência em um distante passado evolutivo, muito antes do desenvolvimento da<br />

inteligência<br />

mais refinada e da aurora da consciência. O egoísmo, reação instintiva, a raiz do mal, está<br />

fora do alcance de Deus, precisamente porque o livre-arbítrio impede Sua intervenção. Deus<br />

não poderia evitar o sofrimento, mas poderia aliviar seus efeitos, restaurando a esperança, a<br />

paz e a harmonia. Havia ainda a doença degenerativa, incurável, paralisante e devastadora que<br />

não se encaixava nesse sistema – a menos que a doença também fosse o resultado, ainda que<br />

remotamente, da falibilidade humana,<br />

um erro na pesquisa ou no tratamento, na forma de vida escolhida ou no ambiente. Se a causa<br />

da doença de Stephen era realmente uma vacina não<br />

estéril contra varíola aplicada nos anos 1960, podia ser explicada assim.<br />

Quanto ao presente caos, eu só poderia esperar que mantendo a fé, tentando dar o melhor de

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