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atas, luvas e máscaras quando entrava em seu quarto. Ele só podia receber visitas restritas,<br />

que tinham de vestir as mesmas roupas de proteção das enfermeiras. Entediado, solitário e<br />

doente, ele ficava deitado<br />

na cama com as lágrimas escorrendo por suas bochechas quentes.<br />

Minhas visitas ao hospital tinham de ser cronometradas, precisamente<br />

entre as mamadas do bebê de semanas. Depois que ele estava alimentado,<br />

trocado e deitado, eu saía correndo para passar as próximas horas na cabeceira de Robert, ler<br />

para ele e jogar, antes de correr para casa de novo para a próxima mamada. Essa foi minha<br />

rotina até Robert receber alta do<br />

hospital. A mãe de Stephen fez seu melhor para manter a casa funcionando,<br />

fazer compras e preparar refeições saudáveis mas era coisa demais para ela<br />

fazer sozinha. Nunca a ajuda de Jonathan foi mais urgentemente necessária.<br />

Ele cuidava de Stephen, fazia as compras pesadas, pegava Lucy na escola e<br />

visitava Robert, permitindo-me, às vezes, fazer uma pausa da rigorosa e pressurizada rotina.<br />

Foi uma pena que ele houvesse sido apresentado tão<br />

brevemente à mãe de Stephen antes de ocorrer essa crise. Uma vez que suas visitas a<br />

Cambridge eram muito mais raras que as de meus pais, a oportunidade não surgira antes. Eu<br />

percebi que não poderia esperar que qualquer um dos Hawking – ao contrário dos nossos<br />

amigos próximos e diplomáticos – adivinhasse o significado da presença de Jonathan em<br />

nossa<br />

casa. Contudo, esperava, porém, que eu houvesse conquistado o total respeito deles ao longo<br />

dos muitos anos em que havia cuidado do filho deles e que confiassem em mim, pelo menos<br />

para tentar fazer o meu melhor para Stephen e as crianças na presente situação tão<br />

demandante. E<br />

confiava que eles pudessem expressar alguma simpatia ou tolerância<br />

discreta. Acima de tudo eu queria tranquilizá-los de que eu não<br />

abandonaria Stephen ou destruiria o lar, nem Jonathan me incentivava a isso. Não houve<br />

oportunidade adequada para abordar o assunto com<br />

Isobel. Quando, uma tarde, ela e eu estávamos sozinhas em casa com o bebê, Isobel tomou a<br />

iniciativa, pegando-me de surpresa. Ela me olhou diretamente nos olhos:

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