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de uma educação inglesa dentro da segurança de um alojamento supervisionado. Esses alunos<br />

eram<br />

geralmente os mais motivados e os mais estimulantes, mas, muitas vezes,<br />

por causa de suas origens multinacionais, tinham incertezas acerca de sua<br />

verdadeira identidade nacional e não tinham fluência escrita em nenhuma<br />

das suas línguas. A força do curso de nível avançado era que ensinava os alunos a pensar<br />

analítica e criticamente para si mesmos e introduzia literatura a pessoas que talvez nunca<br />

houvessem lido um livro na vida. Era<br />

especialmente gratificante quando, depois de dois anos de estudo, o aluno<br />

me agradecia por abrir seus olhos para as maravilhas da leitura.<br />

O prazer era mais intenso quando um dos alunos era disléxico. Em<br />

minha família, tive ampla experiência com a multiplicidade de problemas associados à<br />

dislexia e sabia que poderia oferecer incentivo especial. Em um sistema educacional<br />

incompreensivo, seja estatal seja privado, os disléxicos de uma classe, como meus próprios<br />

filhos, normalmente eram chamados de lentos, estúpidos ou preguiçosos, e mandados sentar-se<br />

no fundo da sala. Disléxicos não são estúpidos. Seu QI costuma ser maior do que o do resto da<br />

população, mas seu cérebro superdesenvolvido descarta<br />

outro mecanismo, geralmente associado com a linguagem ou a memória de<br />

curto prazo. Uma criança inteligente, cujos poderes de comunicação são limitados e que é<br />

mandado para o fundo da classe, torna-se uma criança frustrada que precisa de ensino paciente<br />

e atencioso para recuperar sua autoestima e expressar sua inteligência latente.<br />

Lecionar em casa por algumas horas por dia segundo minha<br />

conveniência foi o arranjo perfeito. A sucessora de Kikki, Lee Pearson, uma<br />

garota delicada e confiável, encarregava-se de Timmie no período da manhã enquanto eu<br />

lecionava. Meus alunos chegavam quando Stephen<br />

estava saindo para o trabalho, e quando a campainha tocava, eu só precisava tirar o avental<br />

antes de atender à porta. Eu me sentia<br />

intensamente feliz: as habilidades que eu tinha para oferecer estavam sendo mobilizadas.<br />

Conquistei o respeito dos meus alunos e, aos poucos, descobri uma identidade profissional<br />

para mim, como se acordasse de um

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