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canto sempre que possível; cozinhava para jantares para as crescentes hordas de visitas de<br />

verão ao Departamento.<br />

Em pleno verão, uma equipe de televisão da BBC apareceu para fazer um filme sobre Stephen,<br />

como parte de um documentário de duas horas sobre as origens do universo. Por coincidência,<br />

a produtora, Vivienne King,<br />

havia sido aluna de Westfield no mesmo ano que eu. Apesar de ter estudado Matemática, ela<br />

não adotava uma abordagem científica linha dura<br />

nas filmagens; queria apresentar Stephen de forma simpática, como uma pessoa bem<br />

desenvolvida, tendo como pano de fundo sua vida familiar.<br />

Essa imagem me atraiu, porque eu temia que uma rigorosa abordagem<br />

científica o apresentasse como um personagem sinistro, como o malévolo doutor Strangelove,<br />

do filme de Stanley Kubrick, de cadeira de rodas. O<br />

produto final, o primeiro e melhor de sua espécie, continha os elementos de<br />

um idílio poético – ainda que em um contexto científico. Via-se Stephen, claro, no trabalho no<br />

Departamento, interagindo com seus alunos, dando seminários, expondo suas teorias mais<br />

recentes. Ele também foi<br />

entrevistado em casa com a participação ao fundo das duas crianças brincando ao sol do<br />

verão entre as flores do jardim. Quando o filme foi exibido em todo o mundo, no inverno<br />

seguinte, como parte de um grande<br />

documentário da BBC – The Key to the Universe –, uma amiga de escola de Lucy, filha de<br />

uma professora visitante, assistiu-o quando voltou ao Japão.<br />

A mãe nos escreveu para dizer que sua filha ficou paralisada na frente da<br />

televisão quando viu Lucy sentada em seu balanço debaixo da macieira.<br />

“Lucy, Lucy...”, era só o que ela conseguia dizer, e as lágrimas corriam por seu rosto.<br />

Essa era, sem dúvida, a imagem de autossuficiência a que nós<br />

continuamos a aspirar, apesar de que ela e a doce ilusão de sucesso foram<br />

ficando mais difíceis de sustentar. Alan Lapedes estava tão exausto quando<br />

voltou da conferência de Oxford, depois da Páscoa, que passara duas semanas fora para se<br />

recuperar. Afinal, ele também estava doente, com uma infecção no pulmão, mas ninguém dera<br />

atenção a seu estado de saúde,

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