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que não eram de nenhuma maneira modelos de elegância em suas camisas<br />

de gola aberta, shorts e sandálias. Um dia me aventurei na sala de exposições, com a intenção<br />

de assistir durante um tempo a uma das palestras. No começo eu fiquei perplexa, não<br />

conseguindo ver nenhum rosto reconhecível na plateia e, em seguida, notei que a roupa dos<br />

congressistas não tinha relação com a roupa que os físicos estavam usando<br />

no café da manhã, uma vez que essas pessoas estavam todas vestidas com<br />

ternos escuros, gravatas, seu cabelo bem escovado e com brilhantina, sem<br />

vestígio de barba. Ouvi o orador apenas por um momento antes de<br />

perceber que se tratava de um congresso de diretores de funerárias judaicas que promovia<br />

caixões de plástico biodegradável.<br />

Das cores exóticas e do sol do verão de Miami voamos no outono – para<br />

Austin, Texas, uma pequena cidade universitária que em meados dos anos<br />

1960 foi alardeada na imprensa como a casa dos melhores e mais<br />

brilhantes estudiosos em Cosmologia. George Ellis, que viajou conosco de Miami, viera<br />

passar um ano em Austin com sua esposa, Sue, que conheci rapidamente no nosso casamento.<br />

Como nós ficaríamos com os Ellis por uma semana, aquela foi minha oportunidade de<br />

conhecer melhor os dois e<br />

forjar o início de uma amizade que permaneceria ao longo da vida e que sobreviveria às<br />

vicissitudes de muitos episódios turbulentos na vida de cada um. Pensativo e reservado,<br />

George era o filho de um muito respeitado<br />

ex-editor do Rand Daily Mail, um jornal bastante aclamado por sua resistência ao apartheid<br />

na África do Sul. Foi na Cape Town University que Sue, a filha de uma família tradicional de<br />

fazendeiros rodesianos, conheceu<br />

George. Tanto George quanto Sue eram opositores ferrenhos do apartheid e tornaram-se<br />

autoexilados políticos da África do Sul, e insistiam que nunca<br />

poderiam pensar em voltar a viver lá. Enquanto George era pensativo e introvertido, Sue era<br />

extrovertida e vibrante e, ainda assim, sensível às necessidades dos outros.<br />

Talentosa artista e escultora, ela exalava calor e criatividade,<br />

qualidades que colocara à disposição de uma escola para crianças carentes<br />

perto de Austin. Entre seus alunos estavam não apenas as vítimas de lares

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