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preocupação que ele infligiria mais tarde ao arcebispo de Canterbury<br />

em um jantar no St John’s College, em Cambridge.<br />

A carreira de Jonathan foi muito menos meteórica que a de Stephen; na<br />

verdade, ele mal havia começado. Além da tragédia devastadora que havia<br />

sofrido, as frustrações de ser um músico com dificuldades contribuíam para a melancolia dos<br />

dias sombrios e às vezes negros que ele sofria. Ex coralista e premiado bolsista do St John<br />

College, ele era suficientemente ambicioso para achar desanimadora a perspectiva de uma<br />

vida dedicada ao<br />

ensino do piano, mas sua reticência natural e sua modéstia tendiam a esconder seu real talento<br />

como organista e cravista. Seu amor intenso e seu<br />

conhecimento da música barroca, particularmente Bach, e em especial<br />

quando executada em instrumentos autênticos, encontrava pouco espaço<br />

na rotina monótona das aulas de piano nas escolas. Convencido de que tinha a missão de<br />

afastar os ouvidos do público de instrumentos modernos<br />

de ressonância e interpretações românticas e levá-los para as sutilezas da<br />

execução da técnica barroca, ele não sabia por onde começar. A<br />

autenticidade do desempenho se tornou um dos temas de discussão na hora das refeições,<br />

quando a tagarelice das crianças permitia que os adultos trocassem algumas palavras. Stephen<br />

provocava Jonathan acerca das dificuldades de manejar um cravo, insistindo que uma estrutura<br />

de aço<br />

resolveria todos os demorados e delicados problemas de afinação e<br />

reafinação. Jonathan salientava que o instrumento então seria não só inadequado para a<br />

execução do autêntico barroco, como também deixaria<br />

de ser portátil. Na verdade, poderia muito bem ser um piano.<br />

Apesar do bem-humorado bate-papo, Stephen e eu inevitavelmente<br />

ficamos mais e mais envolvidos com a música e incentivávamos Jonathan a<br />

se lançar, a se afastar do ensino e tocar profissionalmente. Essa proposição o deixou em um<br />

dilema do qual ele já tinha boa ciência. Para se tornar um<br />

artista, ele teria de abrir mão da maioria de suas aulas e dedicar seu tempo aos treinos e aos

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