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necessidade de um menino de uma boa luta livre para liberar seu excesso<br />

de energia.<br />

Muitas vezes no decorrer de cada semana nos cruzávamos por acaso e<br />

admirávamos as extraordinárias coincidências que pareciam nos reunir.<br />

Ficávamos na calçada conversando, alheios ao que deveríamos estar<br />

fazendo ou aonde estávamos indo. Tínhamos muito o que discutir: seu luto,<br />

sua solidão, suas ambições musicais, por um lado, e meus medos por Stephen e meus filhos, e<br />

meu desespero diante da dificuldade de fazer tudo<br />

o que me era exigido com tolerância e paciência, por outro. Embora mais novo que eu, ele<br />

tinha tanta sabedoria, tão ampla perspectiva de vida com a<br />

qual ampliar minha visão restrita; tão forte fé e tão luminosa<br />

espiritualidade com a qual iluminar meu negro horizonte, que realmente pisamos o solo<br />

sagrado que, nas palavras de Oscar Wilde, está presente onde há tristeza. Eu havia conhecido<br />

alguém que conhecia as tensões e a intensidade da vida em face da morte. Outras<br />

circunstâncias conspiraram para nos reunir da mais estranha das maneiras. Eu ainda<br />

participava, mais<br />

ou menos uma vez por trimestre, dos jantares de Lucy Cavendish – só para<br />

manter o contato, não porque eu tivesse qualquer prazer neles. Em uma dessas ocasiões,<br />

esgotado meu limitado estoque de assuntos, estava<br />

ouvindo a conversa do outro lado da mesa quando escutei um membro da<br />

faculdade, uma idosa distinta, Alice Heim, elogiar um jovem que visitava sua casa<br />

regularmente para tocar duetos de piano com ela. O calor com que<br />

o descreveu, sua gentileza para com ela e seu talento musical me deixaram<br />

perplexa. Ele era único, um verdadeiro Apolo. Seus colegas de<br />

envelhecimento estavam mais que perplexos com as efusões de Alice. “Qual<br />

é o nome dele?”, perguntaram. Quando ela respondeu: “Jonathan, Jonathan<br />

Hellyer Jones,” meus ouvidos queimaram e me senti corar de prazer, como

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