23.05.2015 Views

o_19m0e96dn7b012vq4f314k3t7da.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mais explícita.<br />

– Você vem lutando há tanto tempo sozinha – prosseguiu –, não sei como conseguiu; você<br />

realmente precisa de alguém para ajudá-la e apoiála.<br />

Ele é um jovem maravilhoso.<br />

Era como se Thelma Thatcher, com todos os seus anos de experiência,<br />

estivesse falando comigo, dizendo que meu relacionamento com Jonathan tinha a marca do<br />

destino, que o presente tinha mesmo de ser aceito.<br />

Meus pais conheceram Jonathan naquele verão. Como de costume, eles<br />

foram reticentes para expressar suas opiniões, tradicionalmente indicadas<br />

por suas reações, em vez de palavras. Nesse caso eles se comportaram como se Jonathan<br />

fosse uma antiga presença em nossa vida; não fizeram cerimônia, nem nenhum comentário<br />

sobre suas aparições regulares em<br />

nossa casa. Por sua vez, ele diplomaticamente cedeu seu lugar ao piano a meu pai, cuja paixão<br />

por Beethoven havia despertado meu amor pela<br />

música. Assim, enquanto meu pai martelava ao piano a Appassionata e minha mãe punha linha<br />

na agulha para substituir os botões que haviam caído e consertar os punhos que haviam se<br />

rasgado desde sua última visita,<br />

Jonathan discutia os méritos de instrumentos antigos com ela e lhe falava<br />

de sua cruzada por uma performance autêntica. Foi depois que<br />

conhecemos os pais de Jonathan que comentei com minha mãe que pessoas<br />

maravilhosas eram. Minha mãe me olhou com certa surpresa.<br />

– Bem, bobinha, o que você esperava? – disse ela. – Pessoas que têm um<br />

filho como Jonathan são obrigadas a ser maravilhosas. Como poderia ser diferente?<br />

No final do verão nos separamos, já antecipando nosso reencontro no<br />

outono. Jonathan deixou a Inglaterra para frequentar a escola barroca de verão na Áustria e<br />

lecionar nela, e partimos, com a assistência de Don, para a Córsega. Agora que as crianças<br />

haviam crescido e minha autoconfiança reemergira, o medo de avião estava começando a se<br />

dissipar um pouco.<br />

Viajar de avião não representava mais a temida ameaça de separação de pequenos seres

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!