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para uma situação que estava se tornando cada vez mais confusa à medida que eu ficava mais<br />

envolvida. Assim como seus pais, Stephen não hesitava em se declarar ateu, apesar da<br />

profunda formação metodista dos avós de Yorkshire. Era compreensível que, como cosmólogo<br />

que estuda as leis que governavam o Universo, ele não pudesse permitir que seus cálculos<br />

fossem atrapalhados por uma confessada crença na<br />

existência de um Deus criador, para além da confusão que sua doença deveria estar gerando<br />

em sua mente. Fiquei bastante feliz por fugir do tédio das idas dominicais regulares à igreja,<br />

mas não estava disposta a<br />

abandonar minhas crenças por completo. Mesmo assim, possivelmente<br />

pela influência de minha mãe, eu estava convencida de que tinha de haver<br />

mais no céu e na terra do que havia na fria e impessoal filosofia de Stephen.<br />

Embora nessa fase eu me sentisse completamente enfeitiçada, atraída por<br />

seus olhos claros cinza-azulados e pelo largo sorriso de covinhas, resisti a seu ateísmo. Por<br />

instinto, eu sabia que não poderia me permitir sucumbir a<br />

essa influência negativa; que não poderia oferecer consolo nem conforto e<br />

esperança para a condição humana. O que o ateísmo faria seria destruir a<br />

nós dois. Eu precisava agarrar-me a qualquer fio de esperança que pudesse<br />

encontrar e manter a fé suficiente por nós dois se houvesse algo de bom em<br />

nossa triste condição.<br />

As reuniões na União Cristã não tinham muito público, e logo vinham cada vez menos pessoas.<br />

O tópico para discussão naquele período era a natureza da graça divina, mas muito<br />

rapidamente pareceu que os líderes do<br />

grupo, incluindo o jovem capelão, cujo nome foi traduzido de maneira irreverente como<br />

reverendo P. Souper, estavam convictos da opinião de que apenas cristãos praticantes<br />

batizados poderiam receber a graça divina,<br />

a salvação ou qualquer outro nome que quisessem lhe dar, e só eles tinham<br />

o direito e as qualificações para entrar no Reino dos Céus. Margaret e eu ficamos tão<br />

indignadas que fomos embora compilando listas de todos os entes queridos, boas pessoas,<br />

amigos e parentes que não preenchiam todos<br />

os pré-requisitos corretos e mantivemos nossas longas discussões sobre esses assuntos, que

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