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indiscutível supremacia do gênio.<br />

A segunda viagem de Stephen à América naquela primavera permitiu a<br />

todos um tempo para respirar longe das tensões e retomar os outros elementos de um estilo de<br />

vida mais regular: o ensino, o estudo, a literatura e a música, e criar hábitos mais simples e<br />

mais descontraídos, sem as distrações vãs e cansativas da fama, da publicidade e dos<br />

enfermeiros contenciosos. Tim realizou uma de suas paixões quando fomos passar um<br />

prometido fim de semana na Legolândia na Dinamarca, e em maio voltamos<br />

à França para passar o recesso escolar.<br />

O moinho, acolhendo-nos em trajes de verão pela primeira vez, abriu sua caixa de delícias<br />

com uma nova roupagem. A reforma adicional havia sido concluída, um banheiro para uso<br />

exclusivo de Stephen havia sido adicionado, o trabalho em cima do celeiro havia sido<br />

iniciado e o jardim estava começando a tomar forma. Meu sonho de um jardim inglês estava<br />

sendo realizado na França, tão satisfatoriamente que até Claude, meu valente faz-tudo,<br />

confessou que havia começado a plantar flores em seu jardim, onde antes só cresciam<br />

vegetais. Ainda mais significativamente, o moinho abriu a porta para outro mundo, uma época<br />

passada, onde o<br />

turbilhão impossível de nossa vida em Cambridge desacelerava para um ritmo influenciado<br />

pela terra e o céu, e onde o único som era o canto da cotovia, que voava alto no azul acima do<br />

milharal verde no sol da manhã. O<br />

local já estava gravado em meu coração. Seu ar limpo e o vasto mosaico de<br />

campos desvaneciam em um horizonte cinza distante; suas persianas<br />

sonolentas e seu aroma de lenha recém-cortada e madeira velha, seu cenário de altas coníferas<br />

e arbustos que brilhavam ao sol, tudo cantava nessa rara paz, solidão e salvação. Ali eu podia<br />

estar sozinha, sem ser perturbada por enfermeiros, pela imprensa, por câmeras, pelo clamor<br />

das<br />

demandas incessantes. Eu podia mexer em meu jardim; podia mergulhar nos livros, sem medo<br />

de ser interrompida e podia aprender e ouvir música<br />

sem medo de críticas e dessa minha inútil autoindulgência. Podia encontrar<br />

meu verdadeiro centro, em estreito contato com a natureza, à moda antiga,<br />

talvez, certamente contemplativa, uma sonhadora cuja ocupação preferida<br />

era admirar a vasta extensão do céu ocidental, todas as noites, encantada com a magnificência

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