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Caderno de Resumos - Celsul.org.br

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lingüístico, como os aspectos pragmáticos. O interesse <strong>de</strong>ssa abordagemsócio-cognitiva, que parte dos processos gerais e abstratos para a análise <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s situadas local e historicamente, consiste em interpretar as práticasdiscursivas dos sujeitos, mas não necessariamente tratando a variabilida<strong>de</strong>como erro, negligência ou imprecisão, pois isso só faria sentido numuniverso etiquetado, cujos objetos são estáveis e há uma cartografia perfeitaentre as palavras e as coisas. Nossa perspectiva parte do pressuposto <strong>de</strong> queas categorias não po<strong>de</strong>m ser evi<strong>de</strong>ntes nem dadas porque as suasocorrências, ligadas tanto a processos <strong>de</strong> enunciação como a ativida<strong>de</strong>scognitivas não verbalizadas, acarretam instabilida<strong>de</strong>s, resolvidas enegociadas contextualmente. A hiperonímia, uma ativida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong>categorização, foi tratada por Monteiro (2001) a partir da idéia <strong>de</strong> que,estando os hiperônimos fundados em uma hierarquização semântica, haveriaa mobilização <strong>de</strong> uma <strong>org</strong>anização mental capaz <strong>de</strong> dar conta do enquadrecognitivo, o qual, não sendo natural, estaria disposto e se manifestaria <strong>de</strong>forma diferente para sujeitos cujo grau <strong>de</strong> instrução variava <strong>de</strong> “iletrados aformados no terceiro grau” (estes, por exemplo, quando instados a agruparas palavras conforme os comandos, o faziam a partir <strong>de</strong> uma basetaxonômica mais específica do que genérica, ao contrário dos informantesmenos escolarizados e letrados).Respostas ao comando “Eu vou te dizer três palavras e você vai me dizer oque essas três coisas são” se <strong>de</strong>ram da seguinte forma:-FHC, Lula, Enéas a políticos-genro, nora, cunhada a parentes-FHC, Lula, Enéas a três sem-vergonha-genro, nora, cunhada à ruma p. <strong>br</strong>iga <strong>de</strong> foiceCom relação à análise <strong>de</strong>sse corpus so<strong>br</strong>e hiperônimos, Marcuschi (2002), apartir da perspectiva sócio-cognitiva aqui esboçada, propôs um viés teóricodistinto para a apreciação dos dados: ao invés da suposição <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>representações mentais, parece mais interessante a adoção <strong>de</strong> uma hipóteseque trata as escolhas dos sujeitos como sendo as mais representativas <strong>de</strong> suaspráticas cotidianas. Essa interpretação nos motivou a adotar tal perspectiva<strong>de</strong> sentido construído (por oposição à <strong>de</strong> sentido imanente) através daelaboração <strong>de</strong> um protocolo a ser aplicado especialmente para este fim, entresujeitos afásicos.A análise das estratégias <strong>de</strong> categorização elaboradas por falantes eobservadas em tarefas metalingüísticas como a <strong>de</strong> hiperonímia, que acabampor não <strong>de</strong>scartar os elementos pragmáticos, discursivos e interativos quecaracterizam a prática social da linguagem, é pertinente para a Afasiologiajustamente pelo fato <strong>de</strong> que, se, como se viu, a categorização envolveprocessos meta, e se os afásicos, na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> sentido, <strong>de</strong>fato predicam, um estudo que envolve objetos semânticos e pragmáticosparece ser um lugar motivador e fértil <strong>de</strong> investigação.170

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