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Caderno de Resumos - Celsul.org.br

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privilegiado para se pensar a metalinguagem/metapoesia. Na poesia <strong>de</strong> AnaC., essa reflexão so<strong>br</strong>e a linguagem <strong>de</strong>semboca, algumas vezes, em umatentativa <strong>de</strong> fundir corpo e palavra no discurso. A percepção <strong>de</strong> que alinguagem é falha ao significar leva a poeta a querer transformar a palavraem corpo. Nosso objetivo aqui é analisar os processos discursivos atravésdos quais a escrita <strong>de</strong> Ana C. reflete a incompletu<strong>de</strong> da linguagem. É precisotomar o discurso poético como lugar <strong>de</strong> reprodução/transformação dossentidos, que não existem por si mesmos, mas são <strong>de</strong>terminados pelai<strong>de</strong>ologia. Trabalhar o discurso poético significa trabalhar o discurso emsuas contradições, significa pensar so<strong>br</strong>e as condições <strong>de</strong> (re)produção etransformação da linguagem.A VOZ (RITMADA) QUE EMBALA O BERÇO DO EU-BEBÊLúcia Valquíria Souza Grigoletti (UCPEL)No presente trabalho a autora se propõe a estabelecer a influência do ritmoda palavra falada musicalizada – a prosódia, o mamanhês e <strong>de</strong>mais“músicas” que habitam o psiquismo do infans – no nascimento do Eu-bebê,sujeito da própria história. Para tal inicia uma caminhada do<strong>de</strong>senvolvimento rítmico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a etapa intra-útero até o momento em que obebê, ser <strong>de</strong> interação e narração, se <strong>de</strong>nomina EU. Ao <strong>de</strong>nominar-se Eunuma linguagem falada, o bebê inaugura, no psiquismo sua subjetivida<strong>de</strong>.Até chegar a esse momento, uma caminhada sonora, audiofônica, seestabeleceu entre a día<strong>de</strong>. Mais do que um diálogo, a mãe estabelece ummonólogo, com seu bebê. Utilizando-se <strong>de</strong> sua competência rítmica ele<strong>de</strong>codifica o enunciado presente na prosódia <strong>de</strong> sua maestrina! Enten<strong>de</strong>ndo oindivíduo por natureza, um ser <strong>de</strong> interação e, portanto, <strong>de</strong> enunciação, nadía<strong>de</strong> mãe e bebê muitas vozes se entrecruzam em um instante histórico –subjetivo e sociocultural. Os bebês nascem entre palavras! Palavras que os<strong>de</strong>nominam, ignoram, acolhem ou excluem, acariciam ou maltratam. Mastodas elas acompanhadas <strong>de</strong> sua musicalida<strong>de</strong>. Cada sujeito nasce embaladopor um ritmo! Por parte da mãe, ela trás marcado em sua pautatransgeracional, a presença do alocutário, o Eu-bebê, capaz <strong>de</strong> transformaros sons isolados, que po<strong>de</strong>riam ser apenas barulhos, em melodia. Este fluxoenunciativo se <strong>org</strong>aniza pautado em um ritmo, e que constitui a flutuação dosujeito e, por conseqüência, lhe dá sentido. Sentido e subjetivida<strong>de</strong> se coconstroemno ritmo da linguagem. O ritmo lingüístico consiste na<strong>org</strong>anização <strong>de</strong> um fenômeno específico (a linguagem), <strong>de</strong>senvolvida emfluxo continuo (o discurso). É também a estruturação em sistema do queainda não é sistema. Caracteriza-se por uma proprieda<strong>de</strong> antitética: acontinuida<strong>de</strong>/<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> e esta subjaz à <strong>org</strong>anização (disposição,configuração) <strong>de</strong> qualquer ativida<strong>de</strong> lingüística (discurso). Portanto, para aautora, o ritmo é visto, simultaneamente, como sistema e como discurso. Éno intervalo rítmico: <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>/continuida<strong>de</strong>, tanto do próprioenunciado materno, quanto do movimento dialógico da día<strong>de</strong>, que seapresenta o silêncio, primeiro distanciamento a marcar a separação-300

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