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Caderno de Resumos - Celsul.org.br

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Para as abordagens em DRT, o conteúdo disparado pelos gatilhospo<strong>de</strong> ser acomodado em vários sítios. Nos casos apresentados em (1a)-(3a),em que a pressuposição é sentida como efetiva, o conteúdo pressuposto éacomodado na DRS principal. Nos casos <strong>de</strong> suspensão do conteúdopressuposto, a acomodação ocorre em uma DRS mais encaixada (uma sub-DRS). Neste segundo caso, enquadram-se os casos problemáticos,envolvendo operadores em linguagem verbal análogos aos operadoreslógicos (conjunção, disjunção e condicional). No primeiro caso estão osexemplos em que a acomodação é sentida como efetiva.Há, no entanto, uma série <strong>de</strong> circunstâncias em que a representaçãodiscursiva não disponibiliza uma sub-DRS para acomodar o conteúdosupostamente disparado por um gatilho e, mesmo assim, a pressuposiçãonão é sentida como efetiva, como ilustram os exemplos a seguir.(4) – Olha só aquele rapaz ali. Ele não para <strong>de</strong> roer um lápis. O que será queele tem?– Talvez ele tenha parado <strong>de</strong> fumar.(5) (Em uma locadora <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o que dá um <strong>de</strong>sconto para quem retira umfilme pelasegunda vez.)Cliente: – Quero retirar Manhatan.Aten<strong>de</strong>nte: – O senhor está retirando Manhatan <strong>de</strong> novo?Em (4), embora não haja uma sub-DRS on<strong>de</strong> acomodar o conteúdopressuposto pelo segundo enunciado, a presença do verbo aspectual não ésuficiente para projetar a pressuposição. Em (5), da mesma forma, oconteúdo i<strong>de</strong>almente disparado pelo iterativo <strong>de</strong> novo não permanece comouma pressuposição efetiva do enunciado. Esses casos são exemplos do queMandy Simons chamou <strong>de</strong> contextos <strong>de</strong> ignorância explícita, contextos emque a ignorância do enunciador a respeito do conteúdo pressuposto impe<strong>de</strong> asua acomodação. Contextos <strong>de</strong> ignorância explícita são um <strong>de</strong>safio para asteorias constituídas justamente porque elas estão, em virtu<strong>de</strong> da suposição <strong>de</strong>um caráter convencional dos gatilhos, comprometidas com a projeção dasrespectivas pressuposições. Abandonar a idéia <strong>de</strong> acomodação, no entanto,seria <strong>de</strong>sastroso para essas teorias, uma vez que <strong>de</strong>la <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto a<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> casos como (1) – em que a pressuposição se mantém – como a<strong>de</strong>scrição das suspensões por acomodação local (nas sentenças condicionais,por exemplo). O trabalho a ser apresentado fundamenta-se em uma visãodistinta a respeito daquilo que tem sido consi<strong>de</strong>rado pressuposição pelasteorias tradicionais. Na perspectiva a ser apresentada, pressuposições sãoinferências <strong>de</strong> caráter conversacional (e não convencional). O que há <strong>de</strong>convenção limita-se à <strong>de</strong>scrição semântica dos gatilhos, restrita aoreconhecimento <strong>de</strong> seus acarretamentos. O efeito <strong>de</strong> compartilhamento,nessa abordagem, resulta da ação <strong>de</strong> um mecanismo pragmático que conta214

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