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Caderno de Resumos - Celsul.org.br

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O presente trabalho tem como objetivo investigar como o locutor enca<strong>de</strong>iaargumentativamente os enca<strong>de</strong>amentos <strong>de</strong> seu enunciado marcado no estudoda palavra “não”, em um texto da seção “Ponto <strong>de</strong> Vista” da revista Veja,publicado no mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007. Com base na Teoria dos BlocosSemânticos (TBS) proposta por Marion Carel e Oswald Ducrot, versão maisrecente da ADL (Teoria da Argumentação na Língua), busca-se mostrar quepara evi<strong>de</strong>nciar a reiteração da posição principal <strong>de</strong>fendida pelo locutorresponsável pelo discurso “acho, sim, que família <strong>de</strong>ve ser careta, e que issohá <strong>de</strong> ser um bem incomparável neste mundo tantas fascinante e tantas vezescruel”, o mesmo seleciona inicialmente aspectos transgressivos do QuadradoArgumentativo, rompendo com as idéias do senso comum. Pois, como<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Ducrot a argumentação está na língua, na maneira como o locutorenca<strong>de</strong>ia seu enunciado e não na relação argumento-conclusão, numarelação já pronta ou estabelecida. A TBS proposta por Ducrot e Carel comoos próprios autores mostram mantém o caráter estruturalista das idéias <strong>de</strong>Saussure, na medida em que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> “que o sentido é uma entida<strong>de</strong>lingüística não é um conceito, não é uma idéia, nem um fato material, nemum objeto, sendo simplesmente um conjunto <strong>de</strong> relações entre essa entida<strong>de</strong>e as outras entida<strong>de</strong>s da língua...” Os autores ainda esclarecem quePara a TBS, o sentido <strong>de</strong> uma expressão qualquer, seja ela umapalavra ou um enunciado, está constituído pelos discursos que essaexpressão evoca. E a esses discursos chamaremos enca<strong>de</strong>amentosargumentativos. Um enca<strong>de</strong>amento argumentativo é umenca<strong>de</strong>amento entre dois e somente dois segmentos, porconseqüência sua forma é sempre do tipo X CONECTOR Y.Reconhecemos somente dois tipos <strong>de</strong> conectores: os conectoresnormativos, que são do tipo <strong>de</strong> PORTANTO (DONC) e osconectores transgressivos, que são do tipo MESMO ASSIM (PT)(CAREL e DUCROT, 2005, p.29)Como pu<strong>de</strong>mos observar na análise do artigo <strong>de</strong> opinião selecionado olocutor elege o aspecto transgressivo D para reforçar a tese inicial <strong>de</strong> quemesmo em famílias caretas há respeito e tolerância entre seus mem<strong>br</strong>os.Posição marcada no uso da palavra “NÃO” , anteriormente estudado eclassificado como negação polêmica, versão anterior da teoria que estudavaa polifonia no enunciado. O estudo mostra que o uso da palavra não, não temcompromisso com nenhum dos aspectos do Bloco Semântico e que quem<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> qual aspecto selecionar é o locutor, estabelecendo um <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>posicionamentos, graças a virtualida<strong>de</strong> dos aspectos que se apresentam nobloco, sempre que um dos aspectos é selecionado. Assim, a seleção <strong>de</strong>argumentos que trazem marcas, como a negação, que o locutor <strong>de</strong>ixa nodito, referem-se à posição que locutor assume no texto, que po<strong>de</strong> sertransgressiva ou normativa, marcando, também, o gênero <strong>de</strong> opinião, e nãoapenas pelo assunto do qual o locutor fala. Essa pesquisa po<strong>de</strong> tornar-se umrico instrumento pedagógico na medida que explicita como e por quaismotivos o locutor seleciona um aspecto do quadrado em <strong>de</strong>trimento dosoutros.181

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