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Caderno de Resumos - Celsul.org.br

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O presente trabalho estuda a função da linguagem na construção do sentidono discurso. Para tanto, será utilizado um conceito fundamental da Teoria daArgumentação na Língua, <strong>de</strong>senvolvida por Oswald Ducrot e colaboradores:a noção <strong>de</strong> polifonia. Optou-se por essa abordagem, porque a Teoria daArgumentação na Língua, <strong>de</strong> base estruturalista e enunciativa, analisa anatureza da linguagem, ao consi<strong>de</strong>rar que a sua função é, antes <strong>de</strong> tudo, a <strong>de</strong>argumentar. Por se tratar <strong>de</strong> uma concepção polifônica, essa teoria preconizaque a construção do sentido é o resultado do confronto das diferentes vozescontidas no enunciado. Dessa forma, Ducrot afirma que, ao se interpretar umdiscurso evi<strong>de</strong>ncia-se uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes distintas das do locutor. Ofenômeno da negação é um dos exemplos mais recorrentes utilizado porDucrot, pois se po<strong>de</strong> perceber claramente a polifonia contida no enunciado,uma vez que permite expressar, ao mesmo tempo, duas vozes contrárias, ouseja, dois enunciadores: um positivo e outro negativo. No exemplo utilizadopor Ducrot: Pedro não veio, po<strong>de</strong>-se evi<strong>de</strong>nciar o enunciador positivo:Pedro veio, e o enunciador negativo, o que explicita uma recusa do ponto <strong>de</strong>vista Pedro não veio.Assim, esta pesquisa preten<strong>de</strong> discutir a importância e a aplicabilida<strong>de</strong> danoção <strong>de</strong> polifonia, esten<strong>de</strong>ndo o estudo <strong>de</strong>ssa abordagem às diferentesocorrências do advérbio ainda no discurso. Para tanto, analisar-se-ão textos<strong>de</strong> diferentes gêneros.ESTUDO DA POLIFONIA: UMA BUSCA PELA IRONIAAline Wieczikovski Rocha (UPF)A Teoria da Argumentação na Língua (ADL), criada por Oswald Ducrot, eJ.C. Anscom<strong>br</strong>e (1983), propõe uma semântica argumentativa, em que abase, está no pressuposto <strong>de</strong> que a língua é, em sua essência, argumentativae o sentido encontra-se no enca<strong>de</strong>amento discursivo. Para sua teoria, Ducrot<strong>de</strong>senvolve noções semânticas, que julga importantes no entendimento <strong>de</strong>seu estudo, criando, inclusive, uma Teoria Polifônica da Enunciação, na qualse sustenta a construção <strong>de</strong> sua concepção <strong>de</strong> sentido: o sentido <strong>de</strong> umenunciado apresenta pontos <strong>de</strong> vista que se originam dos enunciadores. Nateoria polifônica <strong>de</strong> Ducrot, o locutor tem atitu<strong>de</strong>s frente aos enunciadoresque colocou em cena, po<strong>de</strong>ndo assimilar, concordar e opor-se aos pontos <strong>de</strong>vista relacionados a eles. Essas atitu<strong>de</strong>s do locutor revelam a existência <strong>de</strong>duas maneiras <strong>de</strong> se comunicar, uma séria e outra não-séria. Este trabalhopropõe-se a observar, através da análise do texto <strong>de</strong> opinião, Os <strong>br</strong>asileiros− uma nova interpretação, extraído da revista Veja, quais são as atitu<strong>de</strong>s dolocutor diante dos enunciadores e como, nele, se estabelece a comunicaçãonão-séria, ou humorística. Para isso, se utilizará as três condiçõesestabelecidas por Ducrot, ao <strong>de</strong>finir um enunciado como humorístico ouirônico: no enunciado, o locutor apresenta, pelo menos, um ponto <strong>de</strong> vistaabsurdo; este não é atribuído ao locutor; nenhum ponto <strong>de</strong> vista é suscetível<strong>de</strong> corrigir o primeiro. Se o ponto <strong>de</strong> vista absurdo estiver <strong>de</strong>stinado aointerlocutor, o enunciado se caracteriza, também, como irônico. A análise do176

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