30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Página 115<br />

Assim, vejo que a polifonia e a fratura evidenciam processos que agem no campo subjetivo, nos<br />

trajetos históricos e experiências que cada sujeito traz consigo e que se materializam na sua enunciação. Ambas<br />

ganham força para serem melhor enxergadas diante das dinâmicas sociais contemporâneas, que constroem<br />

condições de possibilidades históricas únicas a partir da cultura da convergência. E, apesar dessa dinâmica<br />

estar fortemente ligada ao uso das mídias, ela não se reduz a um processo midiático. Ela evidencia a<br />

“consciência” da possibilidade que cada sujeito tem de enunciar sua voz nos diferentes espaços e por meio das<br />

diferentes mídias – este um conceito que não mais se restringe aquilo que é eletrônico.<br />

De qualquer forma, o que penso ser mais significativo neste exercício é a evidência de que as dinâmicas<br />

do discurso não se reduzem às materialidades midiáticas – ou de qualquer outra natureza material. A memória,<br />

por exemplo, apesar de se concretizar nas materialidades, ela atua no cotidiano, nas práticas do dia a dia. E<br />

tanto em seu caráter coletivo, como subterrâneo, ela demonstra que constitui em rede e socialmente.<br />

A memória evidencia como cada indivíduo se insere neste campo de enunciados históricos para<br />

construí-lo coletiva e afetivamente, para enunciar e legitimar um determinado discurso – seja ele oficial ou de<br />

resistência. E, neste momento de convergência cultura, as possibilidades de produção dos discursos, de colocálo<br />

em circulação, de alcançar outros sujeitos que se identifiquem e de expandir a rede faz com que as memórias<br />

ganhem outros contornos. Assim, as memórias surgem no cotidiano e revelam passados que podem ser pouco<br />

conhecidos pelos próprios moradores de Belém.<br />

Nesse entendimento, encontro-me um uma posição de desafios metodológicos: as dinâmicas sociais<br />

me encaminham para a necessidade de observar os processos de enunciação na empiria (no campo). E, para<br />

tal, é necessário cruzar saberes, fraturar epistemologias e construir o novo. Trata-se de um exercício que teça<br />

um diálogo entre a antropologia, a linguística, os instrumentos da netnografia (e sua natureza comunicativa)<br />

etc.<br />

Talvez isso possa construir uma perspectiva de estudo que nos permita investigar as dinâmicas que<br />

atravessam os diferentes campos de saberes. E, nesse sentido, creio ser o discurso a chave para essa empreitada.<br />

Talvez seja a percepção do discurso como uma dinâmica social que não se limita às materialidades<br />

enunciativas, mas como atividade que se elabora no cotidiano, que nos possibilite observar as dinâmicas sociais<br />

de maneira mais justa e equilibrada.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!