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Anais DCIMA Final-1

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Página 502<br />

importância. Não demonstrando nenhum interesse pelo movimento dadaísta ao qual André Breton estava<br />

ligado, Sigmund Freud afirmou laconicamente que é bom poder contar com os jovens. Colecionador de<br />

antiguidades, era um homem de grande erudição e gosto austero, que apreciava enormemente obras clássicas<br />

e nunca se aproximou das vanguardas artísticas e literárias da Viena de sua época. Na ocasião, ele não percebeu<br />

o papel que André Breton e seus companheiros teriam na divulgação da psicanálise na França, onde as<br />

resistências do meio médico e uma germanofobia disseminada levantaram barreiras à entrada do freudismo.<br />

É, por exemplo, na revista La Révolution Surréaliste que seu texto “A questão da análise leiga” foi, pela<br />

primeira vez, publicado em francês, em uma tradução de Marie Bonaparte (1882-1962).<br />

Ainda nos anos de 1910, em plena Primeira Guerra Mundial, nasceu, na Suíça, o movimento Dadaísta,<br />

em torno de Tristan Tzara (nascido Samuel ou Samy Rosenstock) (1896-1963) e Hugo Ball (1886-1927). A<br />

origem do nome do movimento é incerta, mas a versão mais aceita é a de que, por acaso, numa consulta a um<br />

dicionário, os artistas chegaram à palavra “dada”, que em francês significa “cavalo de madeira”. A palavra não<br />

tem relação direta e significativa com o movimento, e, desta forma, os artistas reforçaram sua importância:<br />

nome escolhido aleatoriamente, indo contra a maneira tradicional de se nomear uma corrente artística.<br />

Paralelamente a uma atitude antiguerra, uma vigorosa rejeição das convenções artísticas vigentes fez do<br />

dadaísmo uma espécie de anárquica e radical recusa da arte, objetivando uma explosiva liberação das potências<br />

criativas, fora de qualquer padrão artístico/estético preestabelecido. Rompendo o domínio da racionalidade, o<br />

acaso adquiriu importante papel na criação de artistas como Hans Peter Wilhem Arp (ou simplesmente Hans<br />

Arp) (1886-1966), que chegou a reconhecer que somente se pode vivenciar o princípio do acaso ao se entregar<br />

“inteiramente ao inconsciente”. Se de um lado esteve Tristan Tzara negando qualquer interesse pela<br />

psicanálise, do outro lado esteve Marx Ernst (1891-1976) considerando a leitura dos textos freudianos, que<br />

realizou no início dos anos 1910, fundamental para o seu trabalho.<br />

1. A arte em busca de suas origens<br />

A procura por novos parâmetros formais que marcou as vanguardas supracitadas é correlativa a uma<br />

valorização do “irracional”, do espontâneo, de uma expressão mais livre. Neste contexto, os artistas do início<br />

do século XX se apaixonaram pela arte africana, os pintores autodidatas, naïfs, as obras de loucos internados<br />

em hospícios. Em 1922, o crítico de arte e psiquiatra alemão, Hans Prinzhorn (1886-1933), publicou diversos<br />

trabalhos pictóricos recolhidos durante anos em instituições alemãs em seu Bildnerei der Geisteskranken (algo<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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