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Anais DCIMA Final-1

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Página 726<br />

inicial a presença portuguesa na Amazônia. Uma presença que remonta ao século XVII. Naquele período,<br />

resumidamente, a coroa portuguesa iniciara a colonização do Brasil há pelo menos um século, mas não havia<br />

adentrado o território hoje conhecido como Amazônia. Não havia interesse econômico ou político, até então,<br />

na região. Um cenário que se transformara à medida que outras coroas europeias se interessavam pelo território<br />

até então sem uma metrópole europeia. À época, vigorava o Tratado de Tordesilhas, que deixava a cargo da<br />

coroa espanhola a região amazônica. Naquele mesmo período, estava instituída a União Ibérica, relação que<br />

matinha a coroa portuguesa submetida à dinastia dos felipinos espanhóis (REIS, 1993).<br />

No ano de 1612, um empreendimento francês buscou fundar o que ficou conhecido como França<br />

Equinocial, a partir da erição do Forte de São Luís. A presença francesa foi vista como o início de um processo<br />

sistemático de ocupação “estrangeira” da região, já que, além disso, começaram a ser registradas embarcações<br />

inglesas e holandesas. Foi a partir dessa motivação que se enviou uma expedição militar para encerrar a<br />

presença francesa em São Luís, alvo alcançado em fins do ano de 1615. Do Forte de São Luís, desta feita sob<br />

domínio português, partiu expedição para se fundar um novo posto português a expulsar futuros invasores. Em<br />

janeiro de 1616, então, fundou-se o forte do Presépio, hoje considerado usalmente como marco da fundação<br />

da cidade de Belém (Idem).<br />

Esses episódios, consagrados na historiografia oficial, são pontos de partida para nossas reflexões,<br />

uma vez que são apontados como marcos fundacionais dessas cidades, reiterados e ressaltados em práticas<br />

discursivas por nós estudadas.<br />

1. Abordagem teórica e metodológica<br />

Para este exercício reflexivo, optamos pelo método da Análise do Discurso e, mais especificamente,<br />

caracterizamos o discurso pelo viés dos estudos foucaultianos. Definimos discurso como conjunto de<br />

enunciados que circulam a partir de determinadas regras de funcionamento. Tais enunciados, enquanto textos,<br />

não podem ser lidos apenas a partir de seus padrões e regras internas, mas sim pelo relacionamento com outros<br />

discursos e com a historicidade do processo: de práticas discursivas a práticas outras, como as econômicas,<br />

sociais e morais. Conforme Foucault (2009), determinar o discurso demanda, a priori, apontar qual a “ordem<br />

do discurso” de determinado espaço em determinada época; em seguida, caracterizar os detalhes e mudanças<br />

pelas quais passaram os tipos de discurso; e, por fim, problematizar as condições de existência de tais discursos<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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