30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Página 602<br />

igualdade, ao menos de equivalência. Ou melhor, trata-se de transformar essa equivalência em conceito. É<br />

querer, no fim das contas, tratar pesquisador e indígenas como parte de um mesmo plano de imanência –<br />

espécie de solo pré-conceitual a partir do qual a relação de antropologia ganha consistência”. (GORDON,<br />

2006). Recriação talvez de uma outra relação para pesquisadores e “objetos” em “posições precárias,<br />

reversíveis e intercambiáveis, assim como o são humanos e não humanos para o perspectivismo ameríndio. ”<br />

(VIVEIROS DE CASTRO, 2008, p. 15)<br />

A relevância dessa constatação e dessa proposição teórico-metodológica deve-se ao fato de que, além<br />

de teorizar sobre o que o outro pensa, deixarmo-nos ouvir, perceber e ser afetados pelas implicações das visões<br />

deles a respeito de nossas cosmologias, especialmente a escolhida para estudo: os jornais. Daí o propósito de,<br />

ao final do projeto, publicar auto representações desses universos simbólicos.<br />

2. Análises e discussão<br />

Essa experimentação, guardadas as devidas proporções, busca como propósito a ressignificação dos<br />

espaços universitários, a partir de sua relação com os povos circundantes, e, acima de tudo, tentativa de<br />

reconstrução de um discurso mais orgânico e sensível sobre e com o Outro. Refiro-me a Faculdade de Educação<br />

do Campo, nicho intelectual e interdisciplinar desse projeto: Impulsionada pela consciência crítica sobre tal<br />

situação a luta do movimento nacional por uma Educação Do Campo, que hoje envolve principalmente os<br />

movimentos sociais e universidades, tem sido feita para além da reivindicação por construção de escolas e<br />

oferta de educação pública às populações do campo, a luta tem se pautado pela defesa de uma educação com<br />

uma pedagogia própria, um currículo novo, uma educação que seja “do e para” campo, comprometida com a<br />

realidade e os povos do campo, respeitando seus saberes, práticas, cultura e trabalhando para contribuir com a<br />

superação de suas necessidades de aprendizados. Entre tantas questões, tem-se pautado a necessidade de uma<br />

proposta pedagógica – de um currículo – em que a escola do campo considere os “tempos” e “saberes” dos<br />

sujeitos do campo; que se organize de forma a garantir a presença dos educandos na escola sem que isso seja<br />

comprometido e/ou comprometedor de outros “tempos”.<br />

Como amostras do levantamento de notícias acompanhado de narrativas indígenas, cabe breve<br />

referência e reflexão à “doação” Terra Mãe Maria, na década de setenta pelo governo federal.<br />

O finado Jaime disse assim, vocês têm que ir lá conhecer a terra que o governo<br />

deu pra vocês, daí depois que eles voltaram nos saímos [...] vendemos couro de<br />

onça e tamanduá pra conseguir dinheiro para a viajem. Não tinha nada, até a<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!