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Anais DCIMA Final-1

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Página 550<br />

a realidade linguística é muito complexa para que um modelo teórico dê conta de todas suas facetas, apesar de<br />

que não há como fazer uma miscelânea de teorias em um “ecletismo danado”. (FIORIN, 2007, p. 13).<br />

Diante disso, intenta-se analisar discursivo-semiológica e culturalmente o documentário “Sebastianos:<br />

os narradores da Ilha dos Lençóis”. Veiculado na rede social “YouTube”, ele é parte integrante da tese de<br />

doutorado “As Ilhas da Encantaria: o rei Sebastião na poesia oral nutrindo imaginários”, de Claudicélio<br />

Rodrigues da Silva, defendida em 2010 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Ciência da Literatura<br />

(área de concentração: Poética). Inconscientemente, sem a pretensão de modificar o título (rico de sentidos)<br />

do documentário para desmerecê-lo ou outro motivo similar, cometeu-se um ponto de deriva; pois se inseriu<br />

um marcador discursivo que criou um efeito de instabilidade nominativa na toponímia “Ilha DE Lençóis”; pelo<br />

fato de que muitos estudiosos utilizam “Ilha DOS Lençóis”, como se pode justificar a partir de seu emprego<br />

em site da Secretaria de Estado de Turismo. (MARANHÃO, 2017, s/p.).<br />

1. A tríade interdisciplinar: alguns conceitos mobilizados<br />

Papel da Memória é uma obra oriunda de um colóquio realizado na Escola Normal Superior de Paris<br />

em 1983 e dá importantes indícios da interlocução AD e Semiologia, especificamente no diálogo do texto do<br />

fundador da AD com o de Davallon. Pêcheux (1999, p. 52), nesse evento, afirma que a memória discursiva<br />

é algo que, diante de “um texto que surge como acontecimento a ler, vem restabelecer os ‘implícitos' (...) de<br />

que sua leitura necessita”; ou seja, “a condição do legível em relação ao próprio legível”. Com isso, a teoria<br />

pecheuxtiana estabelece relações entre esse conceito e os “implícitos”; mas também, consequentemente, com<br />

os “explícitos”. O primeiro possibilita resgatar regularidades através de efeitos parafrásticos postos em<br />

regularização. O segundo está intimamente relacionado com o primeiro e vice-versa, na medida em que<br />

elementos discursivos dão pistas de suas relações mútuas. O ato perceptivo, tanto da explicitação quanto da<br />

implicitação de certos discursos, dependerá das visões de mundo de um “leitor-modelo”.<br />

Ressalta-se também que uma rede interdiscursiva, conceito mobilizado por Foucault em sua “caixa<br />

de ferramentas conceituais”, além de conectar memórias discursivas, apresenta formações ideológicodiscursivas<br />

que redimensionam as categorias enunciativas de pessoa, espaço e tempo, abordadas no capítulo<br />

intitulado “A formação das modalidades enunciativas”, d’A Arqueologia do Saber. Das teorias arqueológicofoucaultianas,<br />

sobre esses redimensionamentos, pode-se elaborar as seguintes problemáticas: quem<br />

discursiviza? De que lugar, institucional ou não, discursiviza-se? Em certas situações do tempo histórico, quais<br />

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