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Anais DCIMA Final-1

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Página 521<br />

O livro é dividido em nove capítulos, que narram a história do negro em uma grande continuidade<br />

temporal, iniciando-se com a chegada dos primeiros africanos escravizados ao Brasil, passando pela descrição<br />

do seu modo de vida na época colonial, da formação de quilombos, de aspectos da cultura, da participação nas<br />

lutas políticas ao longo de diferentes momentos na história, do processo de decomposição do sistema escravista<br />

e desembocando nas lutas por direito no século XX.<br />

Nesse conjunto de discussões, ao tratar das comunidades quilombolas, no capítulo 3, Moura (1992)<br />

fala da quilombagem, um amplo movimento composto por várias manifestações de protestos individuais e<br />

coletivos, organização de quilombos, pelas insurreições baianas do século XIX e pelo bandoleirismo dos<br />

escravos fugidos:<br />

Entendemos por quilombagem o movimento de rebeldia permanente organizado<br />

e dirigido pelos próprios escravos que se verificou durante o escravismo<br />

brasileiro em todo o território nacional (MOURA, 1992, p. 22).<br />

Nesse excerto, destaca-se o fato de que Moura (1992) situa a quilombagem no período escravista<br />

brasileiro, pois ele está se voltando para o “inicio”, o processo de formação das comunidades quilombolas.<br />

Além disso, o autor destaca que a quilombagem foi um fenômeno de mudança social anterior ao movimento<br />

abolicionista.<br />

Também gostaríamos de destacar em outro excerto que, na concepção de Moura (1992), a<br />

quilombagem é um movimento de grande amplitude:<br />

Entendemos, portanto, por quilombagem uma constelação de movimentos de<br />

protesto do escravo, tendo como centro organizacional o quilombo, do qual<br />

partiam ou para ele convergiam e se aliavam as demais formas de rebeldia<br />

(MOURA, 1992, p. 2).<br />

O autor também destaca a força que o quilombo teve nesse período, aparecendo como o fenômeno<br />

mais importante da quilombagem. Em suas palavras, “o quilombo não foi, portanto, apenas um fenômeno<br />

esporádico. Constituía-se em fato normal da sociedade escravista” (MOURA, 1992, p. 24).<br />

Uma importante colocação é feita pelo autor, quando ele ressalta que o quilombo não era só lugar de<br />

negro fugido, como tradicionalmente a história nos conta. Para os quilombos também partiam índios<br />

perseguidos, mulatos, curibocas, pessoas perseguidas pela polícia em geral, bandoleiros, devedores do fisco,<br />

fugitivos do serviço militar, mulheres sem profissão, brancos pobres e prostitutas (MOURA, 1992, p. 25).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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