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Anais DCIMA Final-1

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Página 224<br />

LÍNGUA PORTUGUESA, A NOVA LÍNGUA GERAL NO<br />

ATIVISMO INDÍGENA: COMUNICAÇÃO INTERÉTNICA E<br />

ENUNCIAÇÃO FRATURADA<br />

Raimundo TOCANTINS<br />

Universidade Federal do Pará (UFPA)<br />

raimundotocantins@bol.com.br<br />

Resumo. A língua portuguesa, historicamente utilizada para o empreendimento colonial<br />

brasileiro é, nos dias atuais, vista nas redes sociais e nas ruas do Brasil, como a língua<br />

utilizada pelos ativistas indígenas de várias etnias que compõem o vasto território nacional,<br />

na reivindicação pelos seus direitos. Neste contexto, esta língua é aqui compreendida como<br />

a língua geral do ativismo indígena. Este artigo, fundamentado em autores que contemplam<br />

pontos de vistas teóricos que entendem língua, discurso, enunciado e enunciação a partir<br />

das relações sociais, analisa enunciados produzidos sob a perspectiva do ativismo que nos<br />

revelam nas ruas brasileiras e nas redes sociais da internet, o uso da língua portuguesa em<br />

dois sentidos: como agente articulador entre as diversas etnias que ainda vivem e se<br />

comunicam entre si em diversas línguas indígenas e em direção aos não indígenas.<br />

Palavras-chave: língua portuguesa; ativismo; mulheres indígenas; web.<br />

Introdução<br />

Pensar no ativismo indígena brasileiro enquanto produção enunciativa é, ainda hoje, século XXI, entrar<br />

em uma ordem instituída por aqueles que em meados do século XV lançaram-se em direção às Américas com<br />

o objetivo de colonizar. Uma vez que, se pensarmos sob a perspectiva colonizadora, na compreensão do uso<br />

da língua como estratégia para facilitar a colonização do território brasileiro, a língua portuguesa foi grande<br />

responsável por efetivar o domínio das culturas que aqui viviam.<br />

Para o sucesso do empreendimento colonial, “lamentavelmente e ‘naturalmente’, a história, desde<br />

1612, é contada pelos grupos que estiveram no poder. Do início da colonização europeia até os nossos dias, a<br />

história e a produção do conhecimento oficial viveu e vive sob a ditadura da palavra escrita ocidental, europeia,<br />

branca e suas poderosas verdades” (NEVES, 2015, p. 29).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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