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Anais DCIMA Final-1

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Página 837<br />

Nesse processo as ONG’s passaram a assumir a função de executar políticas públicas voltadas<br />

à população indígena, sendo assim estas passaram a incorporar tanto a burocracia que perpassa a<br />

estrutura estatal, por estabelecer relação com o Estado, como a racionalidade neoliberal cujos<br />

princípios contrariam aqueles que regem o SUS (GARNELO; SAMPAIO, 2005). Entende-se por<br />

ONG’s: “um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam à produção de bens e serviços<br />

públicos” (FERNANDES, 1994 apud GARNELO; SAMPAIO, 2005, p.2).<br />

Ao assumirem a função de prestar serviços de saúde essas ONG’s acabam por redimensionar<br />

o seu modo de gerir os recursos públicos, na tentativa de responder as diferentes demandas que lhes<br />

são apresentadas, pois o processo de construção e execução das políticas públicas e programas sociais<br />

sofrem influencias internas e externas de grupos de interesses e movimentos sociais (SOUZA, 2006).<br />

Cada qual leva para o espaço das negociações etnopolíticas suas demandas, sendo assim estes espaços<br />

são perpassados por múltiplos interesses, que expressam compromisso com diversos projetos<br />

societários, que nem sempre reafirmam os interesses da classe trabalhadora.<br />

1.2 Reformas na política de saúde indígena: a portaria 1907<br />

No Brasil a partir de 1990 ocorreu de forma significativa a propagação via mídia e intelectuais, sobre<br />

as reformas econômicas a serem implantadas pelo governo vigente no período em referência. Neste contexto<br />

Fernando Henrique Cardoso (FHC) efetivou em sua gestão um conjunto de reformas, que tiveram<br />

continuidades no governo Collor, no entanto por falta de legitimidade popular Collor foi impedido de dar<br />

prosseguimento às mesmas. A crise que o Brasil enfrentava desde 1980 no campo econômico e social tinha<br />

sua gênese, conforme a elite conservadora, nas ações implementadas pelo Estado e as reformas eram apontadas<br />

como solução para a crise econômica que se vivenciava (OLIVEIRA, 2011).<br />

A operacionalização dessas reformas configurou um retrocesso e um desmonte aos direitos<br />

conquistados e garantidos na Constituição de 1988, que abriu espaço para a concretização de um projeto<br />

modernizador, mais conhecido como reforma, que se configurou como uma estratégia ideológica e política<br />

que visava alcançar o domínio intelectual e moral das massas, assegurando a hegemonia do projeto neoliberal.<br />

Logo, as transformações socioeconômicas em voga na década de 1990, eram estéreis do caráter redistributivo,<br />

e não visavam à melhoria das condições de vida da classe trabalhadora (BEHRING; BOSHETI, 2010).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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