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Anais DCIMA Final-1

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Página 768<br />

surdos, não mais sustentar a ideia que eles são ou não diferentes dos ouvintes. No entanto, pensar diferença<br />

como marca identitária é oportunizar este estado como fortalecimento político da comunidade surda. Ainda se<br />

faz necessário, quer nos espaços acadêmicos, quer em outro lugar, assegurar a diferença como identidade e<br />

não aprovar a desigualdade.<br />

A desigualdade se defini como “a apropriação desigual dos recursos econômicos e educativos”<br />

(GARCIA CANCLINI, 2007). Também dá-se no corpo surdo - o não ouvir. É fato que a falta não deve<br />

estabelecer um parâmetro que rotula o ser surdo. A falta de audição compreende que ser surdo é ter posse de<br />

uma identidade cultural, ou seja, o sujeito surdo deve ser conhecido como “pessoa visual”. Pois, o primeiro<br />

artefato da cultura surda é a experiência visual, os sujeitos surdos percebem o mundo de modo distinto, o qual<br />

provoca reflexões de suas subjetividades. Eles, seres não dotados de audição, percebem o mundo por meio dos<br />

olhos e tudo que ocorre ao redor deles: os latidos de cachorros- que é evidenciado pelos movimentos labiais<br />

do animal- a fumaça que sinaliza um incêndio; assim complementam os autores surdos Perlin e Miranda (2003,<br />

p.218):<br />

Experiência visual significa a utilização da visão, em (substituição total à<br />

audição), como meio de comunicação. Desta experiência visual surge a cultura<br />

surda representada pela língua de sinais, pelo modo diferente de ser, de se<br />

expressar, de conhecer o mundo, de entra nas artes, no conhecimento científico<br />

e acadêmico. A cultura surda comporta a língua de sinais, a necessidade do<br />

intérprete, de tecnologia de leitura.<br />

É conveniente elucidar a distinção entre surdez e falta de audição. A diferença reside nas noções de<br />

normalização e de completude arraigadas na ideia de “falta”. A surdez deve ser entendida como algo instalado<br />

no corpo e como principal pressuposto e diferença na defesa da cultura surda.<br />

Há uma cultura surda? Sim. A cultura surda se distingue e se distancia da cultura ouvinte? Sim. A<br />

noção de diferença cultural posiciona-se no interior da necessidade de estabelecer comparações entre sujeitos<br />

pertencentes a grupos culturais distintos. Na relação de apropriação e de diferenciação cultural, a comunidade<br />

surda se fortaleceu e se mobilizou na luta para se manter nas suas comunidades. A noção de pertencimento a<br />

determinados grupos foi o marco para compreensão do termo cultura,como também os termos identidade e<br />

diferença.O ser surdo possui cultura, é detentor de uma identidade, um ser diferente, que sofre desigualdade<br />

no campo econômico e educacional. Mais especificamente este sujeito sofre em ser desigual pelo mínimo<br />

acesso que lhe é disponibilizado aos bens culturais, como menciona GARCIA CANCLINI (2007, p. 81):<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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