Anais DCIMA Final-1

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1995
Ainda na década de 1990, a frequência com que a palavra “cocaína” aparecia no jornal FSP crescia.
Abaixo temos uma entrevista a uma pessoa famosa, dizendo que consumia a droga com outros artistas, o que
reafirma o discurso de a cocaína ser droga de pessoas de classe social elevada. Na reportagem, o entrevistado
faz referência a uma banda que surgiu nos anos 1960, quando a droga era usada por jovens dos movimentos
de contracultura. Porém, vale ressaltar que, apesar do grande uso de cocaína na década de 1960, não houve
expressiva veiculação de notícias acerca do tema naquela época.
E8. “ O Black Sabbath foi meu trampolim para o mundo. Tomávamos muitas drogas e álcool.
Experimentei um monte de coisas ótimas pela primeira vez. Parecíamos loucos, era só sexo, drogas
e rock’n’roll. Não lembro muito bem, é como se existisse uma névoa. Cheirávamos muita cocaína.
Mas agora que estou com mais de 40 tenho os pés no chão”. (27 de agosto de 1995, p.24, Folha de
S.Paulo – Revista da Folha).
O termo “parecíamos loucos” pode contribuir para a ideia de ser errado usar drogas, ou de que quem
as usa não se enquadra em um padrão social de normalidade, não é sensato.
Em outra matéria, vemos um cotexto que relaciona a cocaína com a violência:
E9. “Os laboratórios são o coração do negócio. É neles que se transforma a inocente folha de coca
na mortal cocaína. Se o embaixador acertar na previsão, a taxa de violência, já elevadíssima no
Brasil, tende a tornar-se insuportável ” (13 de agosto de 1995, p.1-2, Folha de S.Paulo).
A adjetivação “mortal” para a cocaína contrasta com o adjetivo “inocente” dado à folha da coca. Ou
seja, é um discurso que afasta a responsabilidade de outros países pela problemática e a traz para o Brasil, uma
vez que é nele onde estão os laboratórios que transformam a folha da coca em cocaína, chamados de “coração
do negócio”. A produção da droga é chamada de "negócio", ou seja, é inserida em uma lógica capitalista pela
FSP.
Já no enunciado abaixo, além de a violência estar relacionada à cocaína, temos uma problemática
iniciada nos anos 1970: a overdose fatal por drogas.
E10. “Outros supostos matadores, Roberto Lovato e Lúcio Calabresi, foram assassinados segundo o
promotor. Butrico, também acusado pelo crime, morreu em 89, de overdose de cocaína” (19 de
agosto de 1995, p.10, Folha de S.Paulo).
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