Anais DCIMA Final-1

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justamente a relação intercultural, como as diferenças de dois mundos diferentes dialogam entre si, entre outras
palavras a interculturalidade Canclini conclui:
O cultural abrange o conjunto de processos mediante os quais representamos e
instituímos imaginariamente o social, concebemos e administramos as relações
com os outros, ou seja, as diferenças, ordenamos sua dispersão e sua
incomensurabilidade por meio de um delimitação que flutua entre a ordem que
possibilita o funcionamento da sociedade (local e global) e os atores que a abrem
ao possível (2003, p.57-58).
Interculturalidade é a definição proposta por Garcia Canclini (2007) para explicar a situação cultural
contemporânea. A interculturalidade contrapõe-se à ideia de multiculturalidade: enquanto esta é definida como
o reflexo de uma diversidade de culturas que coexistem e divergem, aquela defini os indivíduos que não se
enxergam por generalizações como “índios”, “americanos”, “surdos”, “deficientes”, e que almejam construir
suas identidades cosendo os tecidos oriundos de diversas manifestações culturais.
Há uma problemática da desigualdade que se manifesta, sobretudo, como desigualdade social. Há
também a problemática da diferença que se apresenta de modo visível nas práticas culturais. Os atores do
movimento surdo sabem que a desigualdade tem uma dimensão cultural, e os mais informados sobre a
existência das diferenças reconhecem que elas residem em processos históricos de configuração social.
Contudo, à medida que a desigualdade social se afirma como imutável, alguns movimentos se inclinam a
concentrar-se nas diferenças sociais. Garcia Canclini (2007) afirma que:
“[...] as diferenças culturais perdem sua dimensão sócio-histórica, deixam de ser
vistas como características formadas em etapas nas quais a desigualdade operou
de maneiras distintas e, portanto, suscetíveis de mudar em processos futuros.
Quem supõe que sua maior fortaleza reside nas diferenças culturais tende a
absolutizá-las.”
Entende-se, portanto, que as práticas dos sujeitos surdos revelam quantas vezes as diferenças culturais,
em vez de se confirmarem como práticas absolutas, incluem-se em sistemas de trocas, para corrigir a
desigualdade social. Toma-se como exemplo a educação bilíngue, o surdo a fim de evitar a exclusão da
sociedade hegemônica, deve tornar-se bilíngue, ou seja, ser proficiente em duas línguas; a língua de sinais e,
posteriormente, a língua portuguesa. Esta iniciativa reduz ou pelo menos tenta reduzir as diferenças sociais por
meio da linguagem. O que realmente o povo surdo anela é o reconhecimento de suas diferenças e o viver em
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