Anais DCIMA Final-1

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Figura 4 33
Ana Paula, mulher bela e negra, moradora da favela da Rocinha, lugar simbólico das pacificações nos
morros cariocas, onde ocorreram os primeiros embates com vistas na implantação das UPPs, ocupa o lugar
tantas vezes a ela atribuído, e uma identidade não estranha aos saberes, muitas vezes evocados da teia de
memória sobre esta mulher de pele escura, que provoca e tira o sossego com ares de inocência (ATAULFO
ALVES, 1956).
Apesar da atitude de empoderamento, a negra é enunciada de uma laje e percebida como a mulata que
continua a usar o corpo como forma de confrontar os limites impostos pelas instituições enunciativas que a
colocam à margem, capaz, até mesmo, de desacatar autoridades instituídas em nome da Lei e da ordem.
Nos textos imagéticos ora analisados e à luz do segundo critério de análise - posicionamento do sujeito
quanto à dêixis enunciativa - os anúncios publicitários se apropriam de imagens estabilizadas de uma
corporalidade que é colocada para enunciar o lugar do sujeito negro (ethos dito): a mulata se vale da sua
sensualidade e embriaga, incendeia, desacata e conquista seu lugar de destaque, mas, na verdade, ainda está
presa à condição escrava, desumana, de assédios e violências (ethos mostrado). Nestas condições, a
publicidade povoa o arquivo como uma materialidade onde as subjetividades são cristalizadas e autorizadas a
circular, delineando o lugar e determinando quais identidades o sujeito negro ocupará dentro de um percurso
discursivo. Ainda acerca da relação da noção de FD e a subjetivação dos sujeitos em meio ao processo
discursivo, autorizando saberes a circular socialmente, Maingueneau (1993, p.59) pontua a mutabilidade
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Disponível em http://exame.abril.com.br/marketing/10-acoes-publicitarias-acusadas-de-promover-racismo/
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