30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Página 370<br />

guarita grande que tinha sido construída pelos indígenas. E a partir desses<br />

acontecimentos não houve mais nenhum vinculo de respeito com os que<br />

moravam na Mejer e esse foi o inicio do conflito. A invasão se deu do dia para<br />

a noite. (TEMBÉ, 2015).<br />

Podemos notar que esse conflito pela posse da terra foi motivado pela vontade de se implementar uma<br />

política de desenvolvimento, que foi inserido dentro de uma politica de brutalidade e de face primitiva. Não<br />

há um acordo, há uma imposição de que a terra precisa ser explorada e que precisa render capital, no entanto,<br />

não se leva em consideração de como esse mesmo pedaço de chão é visto e tratado por sociedades indígenas.<br />

No fim da sua entrevista Naldo Tembé relata que por conta da luta pela posse de terra os Tembé passaram a<br />

serem vistos de novo, que a terra os motivou a assumirem novamente as suas práticas, a terra os uniu<br />

novamente.<br />

[...] nós conseguimos fechar capitão poço, nós conseguimos mobilizar, então<br />

para a sociedade nós conseguimos ressurgir novamente, começamos a nos pintar<br />

novamente, fazer nosso artesanato, ai nessa época teve o primeiro encontro do<br />

pessoal do Gurupi que ocorreu no CTRH – Marituba, nesse encontro (Abril de<br />

92), fomos recordar nossos antepassados, fomos respirar nossa cultura/ interligar<br />

conhecimentos.<br />

A posse da terra para o indígena significa bem mais do que a pura vontade de acumular terrenos<br />

para fins lucrativos, ter a terra é ter uma esperança de vida, é saber que se terá um lugar para viver, morrer e<br />

eternizar suas memórias. Há pela terra um grande respeito, um cuidado que só se tem pela própria vida. Em<br />

certo momento da narrativa dos “gêmeos” há a morte de Mucura-Ira que transformado em peixe é comido pelo<br />

pai de seu irmão e por seu irmão, mas que após um ritual feito na floresta ressuscita: “Maira levou as espinhas<br />

para a floresta, enterrou e fez um antigo ritual para ressuscitar seu irmão.” (NEVES; CARDOSO, 2015; P. 20-<br />

21), neste trecho, Mucura-Ira precisou ser enterrado para que depois ressuscitasse e a terra mais uma vez teve<br />

um papel fundamental na história que depois de muitos conflitos e aventuras se encerra com criação do novo<br />

povo, “Com tudo resolvido e com apoio do pai, Maíra, Maíra-Íra e Mucura-Íra formaram um novo povo e<br />

assim nasceram os Tenetehara.” (NEVES; CARDOSO, 2015; P. 20-21).<br />

Publicado em 18 de abril de 2015 às 13:20, o documentário mostra a reserva Alto Rio Guamá, no<br />

Pará e seus em tornos. Relata como os Tembé tem lutado por décadas para salvar a sua terra de madeireiros<br />

ilegais e colonos. Enquanto a tensão aumenta, o povo Tembé é agora forçado, a pegar em armas e enfrentar os<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!