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Anais DCIMA Final-1

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Página 429<br />

de uma forma geral ou as “peças publicitárias” ou “anúncios”, conforme se costuma chamar na linguagem<br />

publicitária.<br />

Sievert (2001, p. 21), referindo-se à ótica dos publicitários, afirma que “o texto publicitário” é a<br />

associação de uma ou mais ideias que apelam, simultaneamente, para o racional e o emocional das pessoas,<br />

com argumentações sedutoras através da palavra”. Ainda, segundo essa autora, mesmo que a publicidade seja<br />

do tipo comercial, a qual ela define como “propaganda”, divulga também ideias e juízos de valor nem sempre<br />

perceptíveis num primeiro contato com a materialidade linguística 55 do texto e não apenas produtos, como<br />

notamos em mais esta afirmação: “propaganda eficiente vende [...] não produtos, mas vantagens, desejos,<br />

sonhos” Sievert (2001, p. 22). Além disso, buscando contribuir para a naturalização 56 de determinadas práticas<br />

sociais, no texto publicitário, as representações particulares da realidade podem aparecer travestidas de<br />

verdades universais.<br />

Se o que se almeja com a atividade publicitária é convencer alguém a aceitar uma ideia ou adquirir um<br />

produto, seria uma ingenuidade, do ponto de vista mercadológico ou ideológico, esperar que a publicidade<br />

destacasse os aspectos negativos e ocultasse os aspectos positivos. O que se espera culturalmente dela é algo<br />

que pode ser considerado inerente: ênfase nos aspectos positivos para que fiquem ocultos os aspectos negativos<br />

de uma empresa, de um produto, de um serviço, etc.<br />

Embora a atividade publicitária esteja sujeita à existência de leis e códigos voltados para seu controle,<br />

não há garantias de sua transparência e honestidade intelectual. E o meio pelo qual o publicitário irá realizar<br />

ou omitir aquilo que lhe seja conveniente é a linguagem, graças ao seu caráter polissêmico. Embora os<br />

potenciais efeitos de sentido que a linguagem pode alcançar fuja ao controle de sua intencionalidade, a<br />

materialidade linguística constitui-se no “locus” da análise do discurso publicitário. E o objeto a partir do qual<br />

se podem analisar os contextos de produção e enunciação, os recursos e arranjos utilizados na construção dos<br />

aspectos discursivos é o texto, enquanto unidade linguística composta por enunciados verbais e não verbais.<br />

55<br />

Materialidade linguística.<br />

56<br />

Concebemos aqui “naturalização” como um recurso discursivo que induz o interlocutor a considerar aquilo que é, na<br />

realidade, “cultural” como “natural”.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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