Anais DCIMA Final-1

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tratadas como seres vivos. Os tablets e smartphones, além de funcionarem como meio de comunicação e de
oferecerem acesso à internet também despertam e lembram compromissos, guardam as fotos e os números de
telefone, fazem cálculos, servem de mapa, dentre outras funcionalidades que oferecem superpoderes
cognitivos a seus proprietários (KOWACS, 2014, p. 633).
Estamos falando de uma tecnologia que é consumida, que é ferramenta. E como tal é instrumento de
controle das massas, dos corpos e das subjetividades. Não estamos mais falando de bens materiais, de dinheiro
ou riquezas. A tecnologia oferece uma segunda realidade, as redes sociais oferecem uma terceira dimensão,
onde o Eu não se constitui apenas pelo Outro que lhe fala face a face, mas por um grupo de seguidores, de
curtidores e de amigos virtuais.
A instantaneidade na comunicação favorece o entrecruzamento de respostas
imediatas, sem reflexão, e estimula uma forma de relação objetal na qual o
indivíduo espera do outro a satisfação imediata de suas necessidades narcisistas.
Na rede, praticamente não existe um período de latência entre o desejo e a
realização deste. Comparativamente, a vida real pode parecer difícil, tediosa ou
frustrante. (KOWACS, 2014, p. 632)
Logo, o excesso de imediatismo decorrente das relações na rede favorece a constituição de um eu cada
vez mais impaciente e que cada vez mais espera que o outro lhe satisfaça independente de suas possibilidades.
De modo que este outro quase não importa, o que interessa é a satisfação plena do desejo, que é prometida
pelo mundo virtual, no qual se pode ser tudo e tudo é válido. E diante de todas estas potencialidades do mundo
virtual a vida real torna-se ensossa e tediosa.
E conforme destaca Dulci (2012)
O ciberespaço, como ambiente privilegiado de virtualização da realidade,
fornece-nos uma vida social na forma de uma farsa representada,
dessubstanciando a realidade e convertendo-a em um espetáculo agradável de
participar. (p. 158)
Assim, a realidade se caracteriza como espetáculo. E a linguagem, como acrescentaria Birman (1997,
p. 218) não quer dizer mais nada e não implica mais qualquer pacto sagrado entre sujeitos, pois se encontra
reduzida aos registros da informação e da mensagem.
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