30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Página 34<br />

concluir-se com verossimilhança que Camões leu e assimilou o Fédon, nele<br />

encontrando uma justificação filosófica ao arroubo místico da sua alma, sedenta<br />

de divina beatitude no momento em que escrevia as eternas redondilhas Sôbolos<br />

rios que vão.<br />

Para tratar desse tema é necessário mergulhar no principio platônico que “desencadeou” o<br />

neoplatonismo amoroso, base deste trabalho, para depois, tentar entender como os ideais neoplatônicos de<br />

amor são combinados com princípios filosóficos aristotélicos (substância, matéria, forma e acidente), mesmo<br />

que esses caminhem em uma linha paradoxal na tessitura do soneto camoniano.<br />

De antemão, será necessária uma breve recapitulação dos conceitos filosóficos supracitados, uma vez<br />

que Camões bebe de diversas fontes para compor sua obra, sendo, este trabalho, como já mencionado, um<br />

coligado das principais influências que este poema abarca.<br />

Depois de todo o entendimento conceitual do Neoplatonismo e de outros princípios platônicos será<br />

feita a análise do soneto camoniano “Transforma-se o amador na cousa amada”, em que haverá uma tentativa<br />

de entendimento sobre até que ponto Camões se deixou influenciar por Platão nesta produção.<br />

1. Considerações sobre o Platonismo<br />

Para compreendermos o significado de neoplatonismo amoroso é necessário entender os pensamentos<br />

de Platão acerca do mundo. O filósofo grego desenvolveu o Mito da Caverna, também conhecido como<br />

Alegoria da Caverna. Por intermédio desta metáfora podemos conhecer a teoria platônica que prega como, por<br />

meio do conhecimento, se torna possível alcançar a compreensão acerca da existência do mundo sensível,<br />

descoberto através dos sentidos, e do mundo inteligível, descoberto apenas através da razão.<br />

A narrativa conta sobre um grupo de homens que estavam acorrentados desde a infância em uma<br />

caverna e que passavam todo seu tempo olhando para a parede ao fundo, que, por sua vez, refletia imagens de<br />

coisas que passavam as suas costas por meio de sombras projetadas pela claridade advinda de uma fogueira.<br />

Os prisioneiros davam nomes a tudo que viam por meio das sombras, julgando e analisando as situações que<br />

eram expostas a eles. No entanto, o que esses homens não sabiam é que as situações que eles tinham como<br />

reais, eram apenas estátuas de figuras humanas, vegetais e animais que ao serem manipuladas, se tornavam<br />

semelhantes a um cotidiano.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!