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Anais DCIMA Final-1

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Página 611<br />

Em Alcântara, com celebrações registradas desde o século XIX, é considerada uma celebração popular<br />

e de caráter religioso que geralmente é realizada por motivo de promessa, sendo caracterizada como uma festa<br />

católica com cerimônias na igreja, tendo uma expressiva participação dos negros descendentes quilombolas e<br />

marcada pela distribuição de comidas e bebidas e pelo toque das caixeiras, diferentemente das festas realizadas<br />

na capital do Estado que é valorizada em Terreiros de Mina.<br />

Ela tem a duração de 12 dias, tendo diferentes momentos - um roteiro, marcado pela presença das<br />

Caixeiras em todos eles, conduzindo-os. Esse roteiro destaca uma diversidade de ações que fazem parte do<br />

ritual da festa tendo seu significado próprio, compreendendo cortejos do mastro do Imperador – Levantamento<br />

do mastro, Missas solenes, prisão dos mordomos, cortejo do mastro do Modormo Régio – Levantamento do<br />

mastro, ladainhas, visita do Mordomo Régio ao Império, visita do Império aos Mordomos, subida do Boi,<br />

distribuição de esmolas com cestas básicas aos idosos, procissão do Divino Espírito Santo nas ruas da cidade,<br />

leitura do Pelouro 1 , e entrega dos postos aos novos festeiros. Dentre estes, estão o Imperador ou Imperatriz,<br />

Mordomo Régio, Mordomos Baixos, Mestres Salas e Caixeiras.<br />

Nas palavras de Gomes; Gastal; Coriolano (2015, p. 98):<br />

A Festa do Divino Espírito Santo em Alcântara segue à risca uma tradição<br />

centenária, o que a torna em patrimônio cultural de alto valor. Nela, está<br />

intrínseca a mescla entre culto e festa. No sagrado estão os valores que se<br />

definem pelas ‘coisas do além’, do inexplicável e do compromisso religioso dos<br />

componentes para com a divindade em questão. No profano está a festa em si.<br />

Há compromisso dos devotos em preservar o legado em termos de experiências<br />

profanas e sagradas dos ancestrais africanos.<br />

No que diz respeito a realização dessa festa na cidade de Alcântara, tem-se o relato do coordenador,<br />

Sr. Moacir Brito, considerado por muitos como o guardião da memória da festa do divino. Ele relata sobre<br />

algumas mudanças sofridas ao longo do tempo.<br />

Eu trabalho na festa desde os vinte anos de idade. Comecei na festa. Há anos<br />

atrás, era uma festa de Alcântara, no sentido que era só do povo de Alcântara<br />

que participava dessa festa. Dificilmente eu via alguém de fora, porque não era<br />

divulgado. Com a divulgação da festa do divino em outros estados, até mesmo<br />

fora do Brasil, a concorrência foi muito grande. Hoje tem pessoas de todos os<br />

cantos do Brasil e até de fora do Brasil. Com isso a festa houve uma mudança.<br />

Não podemos negar que não houve mudança, houve! Agora nós trabalhamos<br />

para que essa mudança não seja uma mudança muito diferente. Que a gente possa<br />

preservar ainda um pouco da tradição. 2<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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