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Anais DCIMA Final-1

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Página 162<br />

4. Considerações finais: Inferência sobre o futuro<br />

Nessa parte do trabalho, em que temos o arquivo (história passada) e a atualidade para conjeturar um<br />

diagnóstico para o futuro, logicamente que as inferências feitas aqui não podem ser fechadas. O diagnóstico<br />

não desloca uma projeção acabada pela impossibilidade de prever um futuro para os sujeitos, mas é um<br />

diagnóstico que fala da atualidade como parte da construção do futuro. Trata-se de uma abordagem que percebe<br />

a construção dos sujeitos em um continuum e que, por isso, precisa do passado e do presente para<br />

conjecturarmos possíveis desdobramentos futuros.<br />

Sua intenção não é realizar um retorno ao passado, mas antes diagnosticar sua<br />

própria atualidade. Esse diagnóstico do presente, entretanto, não se contenta em<br />

caracterizar o que somos hoje, mas também tem por função apontar como o que<br />

é poderia não mais ser o que é (GREGOLIN, 2015, p. 7 e 8)<br />

Ao relacionar o arquivo e a atualidade, observamos que as políticas afirmativas voltadas para inserções<br />

de indígenas na universidade obviamente contribuíram para a maior visibilidade dos mesmos nesse espaço.<br />

Mas a própria possibilidade de cobrança para entrar na universidade é uma amostra de que o espaço erudito da<br />

universidade foi tensionado pelos povos indígenas, evidenciando que a academia não poderia mais ser<br />

privilégio apenas de determinados grupos da sociedade, pois passou a ser disputada, reivindicada por outros<br />

sujeitos marginalizados, inimagináveis nesse espaço de saber\poder, entre eles os indígenas.<br />

Essa disputa que passou a ser enunciada evidencia na atualidade as demandas cada vez mais latentes<br />

dos povos indígenas nas pautas futuras da universidade, alterando assim o regime de visibilidade vigente.<br />

Nesse sentido de desestabilizar as normatividades atuais para o futuro, defendemos que os silenciamentos e<br />

invisibilidades atendem as condiç~eos de possibilidades históricas, de forma que o silêncio, anterior às<br />

cobranças, mais trata de uma estratégia de espera, de aguardar o momento apropriado para manifestar de forma<br />

mais enfática suas exigências, conforme nos fala Pollak:<br />

O longo silêncio sobre o passado, longe de conduzir ao esquecimento, é a<br />

resistência que uma sociedade civil impotente opõe ao excesso de discursos<br />

oficiais. Ao mesmo tempo, ela transmite cuidadosamente as lembranças<br />

dissidentes nas redes familiares e de amizades, esperando a hora da verdade e da<br />

redistribuição das cartas políticas e ideológicas. (POLLAK, 1989, p. 5).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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