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Anais DCIMA Final-1

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Página 452<br />

Essas adaptações são efeitos dos movimentos sociais que levaram à promulgação de leis, decretos e<br />

diversos dispositivos oficiais garantidores da participação social dos surdos, a partir dos quais podemos refletir<br />

sobre a figura do tradutor-intérprete de Libras (TIL).<br />

Nesse sentido, objetivamos construir um arquivo discursivo sobre o TIL no Brasil, nos meandros do<br />

discurso da inclusão e refletir sobre as relações de poder presentes nos documentos oficiais. Nessa direção,<br />

nossa fundamentação teórica centra-se na Análise do Discurso Francesa e nas contribuições conceituais de<br />

Michel Foucault.<br />

Salientamos que tomamos como parâmetro a lei, haja vista a função regulamentadora da instituição<br />

jurídica. Em outras palavras, muito se fala e muito se reproduz sobre o TIL, mas se há um parâmetro legal, é<br />

pertinente analisar os dizeres materializados nos documentos oficiais que nos levam a compreender como vem<br />

sendo discursivizado o TIL.<br />

Para tanto, seguimos, inicialmente, com análises de documentos que mobilizam as políticas inclusivas<br />

no Brasil, dialogando com dispositivos da esfera internacional: Declaração dos Direitos Humanos e Declaração<br />

de Salamanca. Num segundo momento, voltamos o olhar para os documentos escavando práticas discursivas<br />

sobre o TIL.<br />

1. Breve enlace teórico<br />

Nos preceitos da Análise do Discurso, o discurso harmoniza língua e História, é assinalado por<br />

enunciados constituídos sob condições sociais e históricas específicas, Segundo Foucault (2014a), ao<br />

pensarmos nas condições de emergência dos saberes distanciamo-nos da concepção de continuidade, abrimos<br />

mão da lógica evolutiva, do pensamento positivista. O autor nos presenteia com análises de temas e campos<br />

discursivos diversos (a loucura, a sexualidade, a prisão, etc) que não seguem o nexo cronológico da História<br />

tradicional, mas rompem com o eixo positivista a partir de um método que valoriza os sentidos produzidos nas<br />

estruturas sociais. A loucura, por exemplo, é observada segundo a luneta de cada período histórico, portanto,<br />

cada sociedade com sua ordem discursiva.<br />

Nessa ótica, podemos analisar os diferentes dizeres, as transformações, as condições de (des)<br />

aparecimento, o deslocamento de práticas discursivas. Porém, não há como abordar todos os discursos acerca<br />

de um dado objeto, é necessário recortar, fazer seleções, ou seja, elencar séries enunciativas (FOUCAULT,<br />

2014a), que ele irá chamar de arquivo: o regime de enunciabilidade. Esse é o pilar de uma análise arqueológica.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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