Anais DCIMA Final-1

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Assim, se poderia acionar a análise de Quijano quando fala que no mundo pós-colonial se estabeleceu
uma colonização das perspectivas cognitivas, dos modos de produzir ou outorgar sentido aos resultados da
experiência material ou intersubjetiva, do imaginário, do universo das relações intersubjetivas do mundo, da
cultura em suma (QUIJANO, 2007). É dizer, esses conhecimentos que chegam daquelas multinacionais do
conhecimento ocidental, conseguem estabelecer discursos hegemônicos porque suas noções, ideias e falas
estão baseadas nesses centros de educação científica ocidental, que lograram estabelecer, por séculos,
perspectivas cognitivas, mas também formas de se “comportar”, de criar tipos ideais de pessoas, e de classificar
o mundo e os comportamentos das pessoas de forma dicotômica.
Nesse sentido e de acordo com o estabelecido na Lei 67 de 1993, retoma-se o pensamento de Foucault,
quando fala que o poder exercido sobre o sujeito não está limitado numa instituição, tampouco, numa entidade
proclamada soberana, mas que existem práticas, estratégias, mecanismos, dispositivos que capturam a vida,
transformando-as em problemas que devem ser corrigidos e administrados com total minúcia e eficácia. Para
tanto, criam-se diversos aparatos que, eventualmente de modo quase imperceptível, controlam e produzem
sujeitos (FOUCAULT, 2008a).
Estabelecendo um diálogo com Foucault, Quijano poderia complementar quando fala que a
modernidade e racionalidade foram imaginadas como experiências e produtos exclusivamente ocidentais, onde
as relações intersubjetivas e culturais foram codificadas num jogo de novas categorias: Oriente-Ocidente,
primitivo-civilizado, racional-irracional, tradicional-moderno, que permitem o surgimento de normas para
regular comportamentos, mas também, da construção de sujeitos desde uma visão de Ocidente.
Assim, é importante ter em conta que para Foucault os discursos estão marcados pela busca de desejo
e de poder, assim como a luta pelo controle daquilo que enunciam. Em suas palavras, "por mais que o discurso
seja aparentemente bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com
o desejo e com o poder" (FOUCAULT, 2000, p. 10).
Desta forma, pode-se considerar como as leis analisadas até agora, são um mecanismo para o exercício
de um poder sobre o corpo, as ações e a vida, que por intermédio dos dispositivos de segurança, conseguem
um controle sobre os sujeitos. Por isso, na modernidade, governar restringiu-se necessariamente ao que
compete ao Estado e adquire um valor essencialmente político, ou seja, referente às atividades que foram
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