Anais DCIMA Final-1

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Apesar de não ter perdido sua mãe, Kaitlin encontra-se sozinha em casa, sem contato com sua família
e precisa explorar o ambiente para desvendar o mistério do desaparecimento de seus familiares.
Ao explorar a casa, o jogador coleta pistas que ajudam a desvendar o mistério, como a revelação dos
problemas conjugais de seus pais, de um possível abuso sexual sofrido por seu pai na infância e do principal
segredo do jogo: a fuga de sua irmã Samantha, motivada pela rejeição dos pais, após descobrirem o
relacionamento da menina com outra garota.
Ao contrário dos outros mistérios menores, a narrativa de Samantha ganha destaque por ser a única
com acompanhamento de uma narração sonora, ativada toda vez que encontramos um objeto relevante.
Espalhados pela mansão sombria, os mesmos parecem ser alegorias para os monstros inexistentes. Sobre o uso
de monstros na literatura gótica, a pesquisadora Karen F. Stein aponta:
Monsters are particularly prominent in the work of women writers, because for
women the roles of rebel, outcast, seeker of truth, are monstrous in themselves.
For a man to rebel, to leave a comfortable home and to search for truth are noble
acts. Thus, this pattern of behavior is expressed in the heroic epic. For women,
however, such assertions of questing self-hood have been deemed bizarre and
crazy; consequently the Gothic mode -- and in particular the concept of self as
monster -- is associated with narratives of female experience (STEIN, 1983, p.
123).
Nas narrativas góticas clássicas, os monstros eram artifícios usados para expressar a frustração
feminina frente a sociedade patriarcal. Em Gone Home (2013), entretanto, não encontramos monstros ou
qualquer criatura sobrenatural na casa – não há mais um monstro simbolizando a transgressão – há somente a
concreta fuga de Samantha, em busca de uma vida melhor.
Essa mudança, encontrada nas narrativas góticas mais modernas, é também apontada por Stein:
Similarly, these new writers are changing the Female Gothic symbols of
victimhood and persecution into new sources of strength. Undergoing journeys
that lead to personal integration, the heroines rejoice in the exploration of their
full human potential, and transform social stigma into personal power. (STEIN,
1983, p. 137)
Ao descrever os motivos para a sua fuga ao longo do jogo, Samantha não descreve a descoberta de sua
sexualidade como algo monstruoso. Mesmo com o jogo indicando, aparentemente, que encontraríamos um
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